Reinaldo Azevedo
Não será fácil para a
presidente Dilma Rousseff mudar o ânimo das ruas. E, a se levar em conta o que
andam a sugerir alguns aloprados do PT, a coisa pode piorar. Os veículos e
subveículos de comunicação que servem ao poder e ao partido decidiram que é
hora de fazer novas listas negras de jornalistas. Esses caras não perceberam
que esse tipo de prática milita contra a estabilidade da própria presidente.
Agredir moralmente os que divergem do governo corresponde a dar um tiro no pé.
Mas os valentes não abrem mão da linguagem do confronto.
A pesquisa Datafolha que
captou os números desastrosos da popularidade da presidente - apenas 13% de
ótimo e bom e 62% de ruim e péssimo - também quis saber se os entrevistados
acham que Dilma sabia ou não das lambanças na Petrobras. Esse resultado
consegue ser ainda pior do que o de sua popularidade.
Para 84%, Dilma sabia,
sim, da corrupção na estatal. Desse total, 61% sustentam que ela sabia e nada
fez; outros 23% avaliam que ela tinha conhecimento, mas nada poderia ter feito
para impedir a sem-vergonhice. Ou por outra: 61% a veem como conivente, e 23%,
como uma fraca. É difícil saber o que é pior.
Sim, entre os que
votaram em Aécio, é esmagador o percentual dos que afirmam que Dilma sabia de
tudo: 94%. Ocorre que é também gigantesco entre os que declararam voto na
presidente: 74%. Nada menos de 88% afirmam que a Petrobras será prejudicada
pelos escândalos - para 51%, um prejuízo que vai durar muito tempo. A elite
petista, no entanto, insiste na tecla suicida de que tudo não passa de uma
conspiração de golpistas. É também o que afirmam os colunistas da grande
imprensa que servem de esbirros do partido.
Sabemos como são as
coisas, não? Se a presidente tivesse à mão um conjunto de instrumentos ou de
política econômica maiúscula ou mesmo de generosidades pontuais com que acenar,
talvez se pudesse apostar numa mudança do quadro num tempo razoável. Mas, como
indagaria Noel Rosa, "com que roupa?" A margem de manobra é nenhuma. Ao
contrário: o ciclo de dificuldades decorrente do ajuste recessivo - que tem de
ser aplicado - ainda nem começou a surtir efeito.
O fator Petrobras
É claro que
a crise econômica e as promessas obviamente não-cumpridas de Dilma levam muitos
milhares às ruas. Raramente se teve com tanta clareza a evidência do
estelionato eleitoral. A própria Dilma sugeriu que, em 2003, Lula mocozeou o
programa do PT e governou com outro. É verdade. Mas foi bom para os
brasileiros. Se o Apedeuta tivesse destruído o Plano Real, aí, sim, teria
havido um desastre. Desta feita, a vida piorou.
Entendo que a coisa vai
além da crise, o que as pesquisas ainda não pegaram. O PT tratou a Petrobras
como a Vaca Sagrada da nacionalidade nas campanhas de 2002, 2006 e 2010. E
teria feito o mesmo em 2014, não fosse a Lava Jato. Propagava aos quatro ventos
que os adversários queriam privatizar a empresa, que não tinham por ela nenhum
respeito, que agrediam os interesses nacionais…
E eis que os brasileiros - que aprenderam com os petistas que a Petrobras era um altar de bênçãos - descobrem que os companheiros haviam transformado a empresa num antro de
safadeza, de roubalheira e de rapinagem. A Vaca Sagrada foi profanada.
Queriam o quê? A bomba
explodiu no colo de Dilma. Afinal, ela está no poder há 13 anos, não é mesmo?
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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