Por Reinaldo Azevedo
Pensa que é fácil ser
Dilma Rousseff? Nesta segunda, duas, digamos assim, entidades a cercaram: José
Sarney, ele mesmo!!!, estava presente à solenidade em que foi sancionado o novo
Código de Processo Civil. Mais tarde, a coitada teve de discutir a crise
política com um chefe que anda bastante amuado: Luiz Inácio Lula da Silva.
Para todos os efeitos,
Lula seria defensor de uma maior "peemedebização" do governo… Não é
bem assim. Quem está buscando caminhos para se livrar da tutela do PT e de seu
chefão é Dilma. É que o PMDB, até agora, não se mostra um caminho assim tão
seguro. Que vai crescer a importância da legenda no governo, ah, estejam certos
disso. Mas basta? Acho que não!
Lula, por sua vez, até
pode achar que o entendimento com os peemedebistas se faz necessário - afinal,
o governo está na pindaíba -, mas a sua luta no momento é outra: ele se mexe
para sobreviver como candidato viável em 2018, o que o PMDB também já percebeu.
E não está disposto a lhe rechear a empada com azeitona. Ou por outra: o
partido não quer ser a garantia da estabilidade de Dilma e preparar o colchão
para a volta do demiurgo.
Esse não é o único
descontentamento do ainda Poderoso Chefão. O lulismo teme que a o avanço da
Operação Lava-Jato chegue mesmo ao topo do partido. Nos bastidores, há uma
cobrança quase sanguinolenta para que Dilma faça alguma coisa. Mas, a esta
altura, fazer o quê? A presidente admitiu, na entrevista desta segunda, a
corrupção em sucessivos governos. Num determinado momento, com alguma
irritação, disse: "O governo não sou eu". Não ficou muito claro o
sentido da frase. Ou será que ficou? Quem, então, é o governo?
O ex-presidente acha,
sim, que é preciso dar mais espaço ao PMDB, mas apenas como alternativa para
esfriar a crise política. Não aceita, por outro lado, a despetização. Os
lulistas consideram que Dilma tem sido pouco enfática na defesa do partido.
Convenham: o que ela poderia fazer?
Um dos principais
problemas da governanta hoje é como tirar Lula do seu cangote. Leiam os ataques
feitos ontem por Gilberto Carvalho ao governo. Acabam colocando os tais
movimentos sociais em pé de guerra contra uma presidente que está sitiada em
seu palácio.
É espantoso que um
ex-presidente da República baixe em Brasília não para uma visita de cortesia à
atual mandatária, mas com uma pauta debaixo de braço. Isso infantiliza Dilma,
atinge a sua reputação e faz dela uma espécie de fantoche entre senhores da
guerra.
Ou Dilma começa a se
organizar para se livrar de Lula, ou será ele a inviabilizar de vez o seu
governo.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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