Por Reinaldo Azevedo
Meu pingo final vai para um mal-estar que acomete
Brasília: a TPLJ, a Tensão Pré-Lista do Janot. Há especulações para todos os
gostos. Chegou-se a falar que ela poderia incluir até 80 políticos. Agora,
consta, o número ficará em torno de 40.
O mais provável é que o procurador-geral da
República não ofereça denúncias, contentando-se com o pedido de abertura de
inquérito - o que pode fazer com que esse processo se arraste por mais tempo do
que o do mensalão. Também para isso, é preciso que o Supremo dê autorização.
O boato mais denso de Brasília, no momento, está em
linha com a conversa que José Eduardo Martins Cardozo manteve com Sérgio
Renault, advogado da empreiteira UTC: a lista de pessoas que, segundo o
procurador, devem ser investigadas em inquérito incluiria nomes graúdos da
oposição.
Caso venha, então, à luz uma lista suprapartidária,
a presidente Dilma sairia das cordas, a oposição refrearia suas críticas - não
que a sua indignação esteja alinhada com a do país, diga-se -, o PT viria com a
cascata de sempre do "não somos só nós" e "por isso queremos reforma política,
com fim da doação de empresas privadas a partidos", e a política, nesse modelo,
voltaria à modorra de sempre, que nos conduziu até esse estado melancólico.
É… De certo modo, a tensão se justifica, não é
mesmo? A lista vai dizer se o petrolão se exporá na sua real natureza - um
partido político privatizando o estado para atender a seu projeto de poder - ou
servirá como pretexto para a demonização da política como um todo: "Todos são
iguais, e o PT é apenas um dos culpados".
Nota do Ministério Público
A propósito: o Ministério Público Federal divulgou uma nota neste domingo em que reconhece o óbvio: a Controladoria-Geral da União tem competência e legitimidade para celebrar acordos de leniência, mas ponderou, no entanto, que o governo deveria preocupar-se mais com as "consequências econômicas e sociais da corrupção" do que com a reabilitação de firmas flagradas na Operação Lava-Jato.
A propósito: o Ministério Público Federal divulgou uma nota neste domingo em que reconhece o óbvio: a Controladoria-Geral da União tem competência e legitimidade para celebrar acordos de leniência, mas ponderou, no entanto, que o governo deveria preocupar-se mais com as "consequências econômicas e sociais da corrupção" do que com a reabilitação de firmas flagradas na Operação Lava-Jato.
Com a devida vênia, é retórica exacerbada, da linha "muito calor e pouca luz". Um acordo de leniência, reitere-se, não impede punições. O ponto, já abordei aqui, é outro: ao tratar do assunto, o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, põe o carro adiante dos bois.
Quanto ao mais, é claro que as empresas têm de ser punidas. Mas sempre que se tentar transformar as empresas no eixo do petrolão - e a nota faz isso -, eu vou contestar. Alguns políticos querem que acreditemos nisso. O PT quer que acreditemos nisso. O subjornalismo petista quer que acreditemos nisso.
Eu aguardo a "Lista de Janot" para saber se o Ministério Público Federal dá o devido peso às "consequências econômicas e sociais da corrupção".
Vamos ver.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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