Por Reinaldo Azevedo
O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), protocolou
nesta quinta duas representações contra Graça Foster (foto), presidente da Petrobras - uma na
Procuradoria-Geral da República do Distrito Federal e outra no Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Elas cobram seu afastamento
imediato do comando da empresa. No caso da primeira representação, o PSDB
solicita a abertura de inquérito criminal por falso testemunho e prevaricação.
É o mínimo que pode ser feito. Não dá para disfarçar: esta senhora contou uma
mentira à CPMI da Petrobras. E tem de arcar com o peso de sua decisão. Já chego
lá. Antes, uma breve memória.
Não é de hoje que Graça perdeu a condição de presidir a Petrobras.
Já escrevi aqui que
esta senhora compõe o que chamo do Bloco dos Enfezados, aquela gente que
esconde a própria incompetência dando bafão em todo mundo, fazendo cara feia e
distribuindo broncas. Fiquem certos: a competência costuma ser suave. Graça, é
bom lembrar, foi ao Congresso e defendeu a compra da refinaria de Pasadena,
aquela operação que, segundo o TCU, gerou um prejuízo de US$ 792 milhões.
Agora, o conselho da Petrobras pede que antigos dirigentes, que comandaram o
desastre, respondam a ação civil pública por danos provocados à estatal.
A presidente da Petrobras deveria ter sido demitida ou se demitido
quando ficou evidente que tivera acesso privilegiado a perguntas que seriam
feitas na CPI, participando, não há outra expressão, de uma fraude. E foi pega
em outra falseta, mais grave.
Em fevereiro, a VEJA noticiou que a empresa holandesa SBM havia
pagado propina a funcionários da Petrobras em operações envolvendo plataformas
de petróleo. Em março, Graça concedeu uma entrevista anunciando que a empresa
havia feito uma apuração interna e que não encontrara nenhuma irregularidade.
No dia 11 de junho, em depoimento à CPMI da Petrobras, foi
indagada pelo deputado Marco Maia (PT-RS) se havia alguma investigação no
exterior envolvendo a estatal brasileira em razão dos negócios com a SBM. Sabem
o que fez Graça? Negou! Ocorre que, 15 dias antes, no dia 27 de maio, o
Ministério Público da Holanda havia informado a presidente da estatal que "foram pagos valores a empregados da Petrobras por meio do representante [da
SBM] no Brasil". Tudo conforme VEJA havia noticiado.
Pois é… Há nove dias, ficamos sabendo que o MP holandês aplicou
uma multa de US$ 240 milhões na SBM em razão de propinas pagas no exterior -
inclusive no Brasil. Só no dia 17, há quatro dias, Graça admitiu que sabia dos
pagamentos irregulares "desde meados do ano" - aqueles mesmos cuja existência
ela negara em março, numa apuração realizada em tempo recorde.
Ela tenta se explicar afirmando que a apuração continuou mesmo
depois de março. É mesmo? Quer dizer que ela anunciou o resultado de uma
investigação que não estava concluída? E como explicar que o MP da Holanda a
tenha informado, oficialmente, dos pagamentos irregulares no dia 27 de maio,
informação que ela omitiu da CPI. Pior: deu curso à mentira de que não havia
investigação nenhuma no exterior.
Vai, Graça! Pede pra sair. E leva junto toda a diretoria. O PSDB
faz muito bem em cobrar a sua demissão. Ter acesso prévio a perguntas de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito é grave e ofende o Parlamento. Contar uma
mentira a uma CPI é mais grave ainda.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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