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sábado, 22 de novembro de 2014

"Os limites da tolerância"



Por Hugo Navarro da Silva
O deputado Colbert Martins, em recente entrevista radiofônica, revelou fato de que já se desconfiava a respeito do campo de pouso de Feira, apelidado pomposamente de aeroporto na linguagem oficial: Não há serviço de rádio naquele próprio reinaugurado, solenemente, às vésperas das eleições de outubro, com grandes festas, bandeira, hino e discursos, apenas para efeitos eleitorais e engodo dos otários. Ora, qualquer leigo sabe que aeroporto sem rádio, sem radar, sem sistema de iluminação para  pouso noturno ou em condições meteorológicas desfavoráveis é mais do que campo de pouso para tapeação eleitoral. É anúncio de tragédia. É o cúmulo da irresponsabilidade em busca de conquista de poder e satisfação de vaidades ainda que vidas  humanas sejam colocadas em risco.
Fatos como o do aeroporto de Feira de Santana, que contaria até com empresa operando  linha aérea regular, conforme a propaganda pré-eleitoral, e  outros que a imprensa tem ultimamente noticiado denunciando o maior esquema de corrupção do mundo, do qual ninguém no governo brasileiro tinha a menor ideia, alegando ignorância incompatível com as responsabilidades de quem governa, na verdade explicam a  inquietação, as demonstrações violentas do povo diante da situação de calamidade que se vai alastrando pelo país inteiro, não restando mais sítio ou recanto que se possa proclamar  livre da violência, da ação de criminosos que a todos ameaçam, agora, com a ajuda de urnas eleitorais de inviolabilidade duvidosa e de gigantesca compra de votos.
No começo as manifestações criaram confusão no porque tisnadas de atos de vandalismo e defurtos com a destruição de bens públicos e o arrombamento de casas  comerciais. As manifestações, passadas aquelas marcadas pela violência extrema, mascaradas de protestos contra o preço das tarifas do transporte coletivo e  contra os gastos  com os estádios da famígera "Copa do Mundo", para surpresa de muitos continuaram a ocorrer esporadicamente em várias partes do território nacional, caracterizando-se pela queima de ônibus, veículos que na mente  do povo passaram a representar o poder público.
Boa parte da população assiste, agora, embasbacada e revoltada aos desdobramentos da operação "lava a jato" em que as vísceras do país são expostas sem rebuços e sem enganos,  mostrando algumas "operações" das que estão conduzindo o país ao caminho de ingovernabilidade, superando, em muito, o gigantesco e vergonhoso episódio do "mensalão",  que no balanço final terminou com a vitória dos políticos envolvidos na roubalheira mas ligados ao governo, livres depois e cumprir poucos meses de prisão, para gozar da fortuna.
Agora, manifestações populares como a que ocorreu em São Paulo no dia 15, assumem a sua verdadeira direção, que de início não se mostrou inteiramente, a de   revolta contra o governo federal, que está levando o país ao caos. A desordem, a insegurança, a falta de confiança em órgãos governamentais crescem de tal forma, que a situação do país, hoje, é muito pior e mais preocupante do que a que precedeu o movimento de 1964, que ao contrário do que se propala não foi ato de prepotência nem de busca insensata do poder. Foi movimento necessário, reiteradamente pedido nas ruas pelo povo, alarmado, amedrontado com a insegurança e a baderna que se estabeleceram no país. A situação, agora, é mil vezes pior. A inflação mostra a cara, a produção descamba, o desemprego, um dos últimos sintomas da falência, começa a se manifestar.  A baderna é generalizada e o povo vê-se acossado de incertezas que vão além de todos os limites da tolerância. 
Fonte: Jornal "Folha do Norte" 

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