Por Hugo Navarro da Silva
O deputado
Colbert Martins, em recente entrevista radiofônica, revelou fato de que já se
desconfiava a respeito do campo de pouso de Feira, apelidado pomposamente de
aeroporto na linguagem oficial: Não há serviço de rádio naquele próprio
reinaugurado, solenemente, às vésperas das eleições de outubro, com grandes
festas, bandeira, hino e discursos, apenas para efeitos eleitorais e engodo dos
otários. Ora, qualquer leigo sabe que aeroporto sem rádio, sem radar, sem
sistema de iluminação para pouso noturno ou em condições meteorológicas
desfavoráveis é mais do que campo de pouso para tapeação eleitoral. É anúncio
de tragédia. É o cúmulo da irresponsabilidade em busca de conquista de poder e
satisfação de vaidades ainda que vidas humanas sejam colocadas em risco.
Fatos como
o do aeroporto de Feira de Santana, que contaria até com empresa operando
linha aérea regular, conforme a propaganda pré-eleitoral, e outros que a
imprensa tem ultimamente noticiado denunciando o maior esquema de corrupção do
mundo, do qual ninguém no governo brasileiro tinha a menor ideia, alegando
ignorância incompatível com as responsabilidades de quem governa, na verdade
explicam a inquietação, as demonstrações violentas do povo diante da
situação de calamidade que se vai alastrando pelo país inteiro, não restando
mais sítio ou recanto que se possa proclamar livre da violência, da ação
de criminosos que a todos ameaçam, agora, com a ajuda de urnas eleitorais de
inviolabilidade duvidosa e de gigantesca compra de votos.
No começo
as manifestações criaram confusão no porque tisnadas de atos de vandalismo e
defurtos com a destruição de bens públicos e o arrombamento de casas
comerciais. As manifestações, passadas aquelas marcadas pela violência extrema,
mascaradas de protestos contra o preço das tarifas do transporte coletivo e contra
os gastos com os estádios da famígera "Copa do Mundo", para surpresa de
muitos continuaram a ocorrer esporadicamente em várias partes do território
nacional, caracterizando-se pela queima de ônibus, veículos que na mente
do povo passaram a representar o poder público.
Boa parte
da população assiste, agora, embasbacada e revoltada aos desdobramentos da
operação "lava a jato" em que as vísceras do país são expostas sem rebuços e
sem enganos, mostrando algumas "operações" das que estão conduzindo o
país ao caminho de ingovernabilidade, superando, em muito, o gigantesco e
vergonhoso episódio do "mensalão", que no balanço final terminou com a
vitória dos políticos envolvidos na roubalheira mas ligados ao governo, livres depois e cumprir poucos meses de prisão,
para gozar da fortuna.
Agora,
manifestações populares como a que ocorreu em São Paulo no dia 15, assumem a
sua verdadeira direção, que de início não se mostrou inteiramente, a de
revolta contra o governo federal, que está levando o país ao caos.
A desordem, a insegurança, a falta de confiança em órgãos governamentais
crescem de tal forma, que a situação do país, hoje, é muito pior e mais
preocupante do que a que precedeu o movimento de 1964, que ao contrário do que
se propala não foi ato de prepotência nem de busca insensata do poder. Foi
movimento necessário, reiteradamente pedido nas ruas pelo povo, alarmado,
amedrontado com a insegurança e a baderna que se estabeleceram no país. A
situação, agora, é mil vezes pior. A inflação mostra a cara, a produção
descamba, o desemprego, um dos últimos sintomas da falência, começa a se
manifestar. A baderna é generalizada e o povo vê-se acossado de
incertezas que vão além de todos os limites da tolerância.
Fonte: Jornal "Folha do Norte"
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