Por
Reinaldo Azevedo
Porque ninguém prova, com tanta eloquência, a existência de um
esquema criminoso na Petrobras. Mais do que isso: ele também é um emblema da
dimensão do assalto. Vamos lembrar: Pedro Barusco (foto) era um mero gerente de Serviços da Petrobras, um
auxiliar de Renato Duque, o diretor da área, que era da cota petista. Mais do que
isso: pertence, vamos dizer, ao "universo José Dirceu". Segundo Paulo Roberto
Costa e Alberto Youssef, Duque era o homem que cuidava do propinoduto para o
PT. Mas voltemos a Barusco.
O subordinado de Duque se dispôs a devolver, prestem atenção!, US$
97 milhões aos cofres públicos. Esse é o dinheiro que ele admite ter sido, na
prática, roubado da Petrobras. Estamos falando, leitores, de algo em torno de
R$ 252 milhões. Como é que um quadro de segundo escalão é capaz de amealhar tal
fortuna?
Muito bem! Parece que a sua disposição de devolver o dinheiro é
para valer. Uma conta já foi aberta na Caixa Econômica Federal, e, em breve,
cumprida a sua parte no acordo, Barusco transfere o dinheiro para o banco
brasileiro.
Qual é o temor especial que seu nome desperta? Barusco está,
consta, muito doente e muito pessimista sobre suas possibilidades de cura.
Aqueles que fizeram negócios com ele ao longo dos anos temem que resolva ter um
surto de sinceridade num momento difícil da sua vida. Essa gente está com medo
da rapidez com que o engenheiro trocou uma iminente prisão pela confissão de
que, sim!, era tudo verdade.
Há pânico com a possibilidade de que ele resolva, vamos dizer,
fazer uma faxina na sua biografia dizendo tudo o que sabe. E ninguém que rouba
essa quantidade sabe pouco. Já escrevi e reitero: acho que é preciso que se
apure a possibilidade de que ele seja um laranja de uma estrutura bem maior.
"Ah,
em situações extremas, as pessoas podem mentir…",
dirá alguém. Até podem. Mas me parece que se trata de uma daquelas
circunstâncias em que a pessoa busca, ao menos, um alívio para a própria
consciência. Todos aqueles que concorreram para que Barusco conseguisse ter US$
97 milhões no exterior estão certamente preocupados.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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