Por
Reinaldo Azevedo
No dia em que morre Márcio Thomaz Bastos, o binômio "financiamento
de campanha-corrupção" assume a sua face mais estúpida, tendente a juntar no
mesmo saco de gatos inocentes e culpados. Por que cito Bastos? Porque lhe foi
atribuída a autoria da tese de que o mensalão era "só" caixa dois eleitoral.
Não foi ele que imaginou a "saída", mas Arnaldo Malheiros, defensor de Delúbio
Soares. Adiante.
Pautados pelo PT, setores da imprensa agora resolveram misturar
alhos com bugalhos, privilegiando, claro!, os bugalhos. Informa-se que empresas
sob investigação na Lava Jato fizeram doações ao PP, ao PT e o PMDB, partidos
diretamente envolvidos nas lambanças da Petrobras. Mas também nomes da oposição
figuram entre os que receberam doações legais. E daí?
As doações não eram legais? Eram! Os políticos, governistas ou de
oposição, deveriam tê-las recusado? A resposta, obviamente, é "não". Queriam o
quê? "Ah, não, o seu dinheiro, não. Você ainda será alvo de uma operação da
Polícia Federal".
Tenham paciência!
Eis aí no que dá misturar os canais. Digam-me: o que fazem nomes
de oposição em certas notícias, ainda que no rodapé? Por acaso podiam mexer os
pauzinhos na Petrobras? Tinham como garantir contratos? Eram influentes junto a
Renato Duque ou a Nestor Cerveró? Mandavam no engenheiro Pedro Barusco?
Certamente há desvio de dinheiro para campanhas eleitorais, sim.
Mas é coisa de energúmenos considerar que as empreiteiras estão recuperando o
que doaram. Quer dizer que, se não doarem mais, depois da decisão burra a ser
tomada pelo STF, não haverá mais extorsão?
A imprensa está caindo na cilada de achar que, de fato, tudo não
passa de um mecanismo de compensações: "Tome a doação, que pego a grana mais
tarde". Fosse assim, as empreiteiras doariam também à oposição por quê?
Há coisas que são co-ocorrentes, sem que haja entre elas uma
relação de causa e efeito. Com ou sem doações a campanhas, empreiteiras
continuarão a enfrentar, em empresas públicas e ministérios, larápios dispostos
a criar dificuldades para vender facilidades. E é aí que os crimes de corrupção
ativa, corrupção passiva e extorsão acontecem. Se empresas doassem só com o
propósito de obter vantagem depois, financiariam apenas os que realmente têm
chances de chegar lá.
Os magos petistas já estão operando o jornalismo. Daqui a pouco,
políticos de oposição serão chamados a responder pela roubalheira na Petrobras.
Jornalista que cai nessa conversa está se comportando como militante petista,
não importa se voluntária ou involuntariamente. Ninguém tem o direito de ser
burro nessa profissão.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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