Por Reinaldo Azevedo
É… Os executivos das empreiteiras, tudo indica, têm resistido a
admitir que participavam de uma esquema de corrupção que tinha como epicentro a
Petrobras. Mas já há confissões, sim. E elas podem estimular outras. Erton
Medeiros Fonseca, diretor de Óleo e Gás da Galvão Engenharia, admitiu ter
pagado propina ao esquema depois ter sido ameaçado por Paulo Roberto Costa e
pelo doleiro Alberto Youssef. Ou aceitava as condições impostas, ou sua empresa
seria prejudicada.
Já não está mais sozinho na confissão. Nesta terça, Sérgio Mendes,
diretor-presidente da Mendes Júnior, confirmou à Polícia Federal que pagou R$ 8
milhões a Youssef entre julho e setembro de 2011, a mando de Costa. A exemplo
de Erton Medeiros, ele também diz ter sido extorquido. A máfia é generosa:
permitiu que o pagamento fosse efetuado em quatro parcelas de R$ 2 milhões.
Segundo Marcelo Leonardo, advogado de Mendes e que defendeu Marcos
Valério no processo do mensalão, o presidente da empreiteira também sofreu
ameaças de Costa e Youssef: ou entrava no esquema, ou a Mendes Junior seria
prejudicada em outros contratos que mantinha com o governo. Entre estes, estava
a construção da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).
Durante depoimento de três horas na sede da PF, em Curitiba,
Mendes afirmou que foi apresentado a Youssef por José Janene, deputado do PP já
morto, personagem também do escândalo do mensalão. Costa, o doleiro e Janene
integravam a banda podre que cuidava dos interesses do PP.
O homem do PMDB na empresa seria Nestor Cerveró, e o operador, o
tal Fernando Baiano, que se entregou nesta terça. Segundo as investigações, o
diretor que administrava a roubalheira em nome do PT era Renato Duque, e o
coordenador do propinoduto para o partido seria João Vaccari Neto, tesoureiro
da legenda.
O advogado Marcelo Leonardo diz que Mendes está decidido a contar
o que sabe: "Ele está tão disposto a colaborar que veio diretamente a Curitiba
se entregar. Não houve proposta de delação premiada feita pela PF".
Só para lembrar: dois outros executivos, ambos da Toyo Setal,
estes no âmbito da delação premiada, já confirmaram ter participado do esquema
criminoso. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e Júlio Camargo admitiram ter
pagado de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões ao petista Renato Duque e US$ 40
milhões a Fernando Baiano, o lobista do PMDB.
Mas há quem resista. Alberto Toron, advogado do Ricardo Pessoa,
presidente da UTC, que também prestou depoimento nesta terça, afirmou que seu
cliente nunca pagou propina a Youssef e que ambos são sócios de um negócio
legal: um hotel em Lauro de Freitas, na Bahia. Então tá.
Não há mais como negar o esquema corrupto. Cinco dos acusados que
fizeram acordo de delação premiada se comprometeram a devolver, acreditem, R$
425 milhões aos cofres públicos. Certamente não estão fazendo esse acordo por
excesso de imaginação, não é mesmo?
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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