A esmagadora maioria tomou a rua em nome de boas causas, como o
repúdio ao controle da mídia (Arquivo Pessoal)
Por Reinaldo Azevedo
Dez mil pessoas pelo menos - segundo estima a Polícia Militar -
participaram de um ato de protesto contra os desmandos do governo Dilma, que teve
como epicentro a Paulista, em frente ao Masp, e se espalhou depois pela
avenida. Para quem viu a coisa a muitos andares do solo, o cálculo parece
modesto. Os organizadores falam em 50 mil, e, nesse caso, certamente há
exagero. Quem sabe a média… Mas isso, já escrevi aqui ontem, importa menos: o
protesto seria legítimo ainda que houvesse 10 pessoas. Mas havia, no mínimo, 10
mil. Assim, prova-se que o senhor Guilherme Boulos, o chefão da esquerda
barra-pesada, estava errado. Os que cobram um governo decente, o que parece
ofender o rapaz, são bem mais do que meia dúzia. E também podem ocupar as ruas.
E, como se sabe, ninguém estava na Paulista para responder a uma lista de
chamada do MTST, sob o risco de punição.
A esmagadora maioria das palavras de ordem se inscreve
absolutamente dentro do leque democrático. E nem poderia ser diferente. Quem
está saindo às ruas para protestar é gente decente e ordeira, que respeita as
regras do jogo democrático, que acata os fundamentos do Estado de direito, que
se subordina aos primados de uma sociedade plural. Golpistas, como sabemos, são
os ladrões que se apoderaram da Petrobras em nome de um projeto de poder. Uns
bobalhões pediram intervenção militar (ler post anterior)? Pediram, sim! E
foram repudiados pela maioria, tanto é que sua caravana de ideias mambembes
teve de marchar sozinha.
A imprensa, como destacou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) -
presente ao ato como cidadão, sem subir em carro de som -, dá a essas pessoas
um peso que não têm. E o faz por viés ideológico. Parece ofender a
sensibilidade de certo jornalismo que alguém possa ocupar as ruas portando a
bandeira do Brasil e cartazes com as cores pátrias. Parece que protesto sem
bandeiras vermelhas já nasce ilegítimo.
Petralhas
A palavra "petralhas" já é um clássico nos protestos contra o PT e contra as esquerdas. É claro que isso se explica, não é? Criei o vocábulo, que foi parar em dicionário, e a história me dá razão. Chamei "petralhas", desde o primeiro momento, os petistas que justificavam o roubo de dinheiro público em nome de um projeto de poder, como se avançar contra o erário em nome de uma suposta causa fosse moralmente superior a roubar para enriquecer. Não é! Eu diria que é até pior porque mais cínico.
A palavra "petralhas" já é um clássico nos protestos contra o PT e contra as esquerdas. É claro que isso se explica, não é? Criei o vocábulo, que foi parar em dicionário, e a história me dá razão. Chamei "petralhas", desde o primeiro momento, os petistas que justificavam o roubo de dinheiro público em nome de um projeto de poder, como se avançar contra o erário em nome de uma suposta causa fosse moralmente superior a roubar para enriquecer. Não é! Eu diria que é até pior porque mais cínico.
Desde o início, já lá se vão 12 anos (!!!), alertei que nem todo
petista é petralha, mas só petistas são petralhas. Há pessoas que levam a sério
a, digamos, metafísica partidária e não se contentam com o rumo que as coisas
tomaram? Há, sim! Mas não têm nem voz nem vez no partido. E por que continuam?
Não sou especialista em comportamento humano nem me aventuro a especular sobre
motivações subjetivas.
Há gente que se torna dependente de uma causa e que não consegue
pensar fora de um enquadramento coletivo. Lamento muito por elas porque acho
isso triste. Vejo muitos jovens capazes - rapazes e moças - abduzidos por
seitas. Estou certo de que isso atende a alguma causa que é de fundo psíquico.
Quando tomo conhecimento de que até o Estado Islâmico abriga hoje mais de dois
mil ocidentais, oriundos, na maioria das vezes, de países ricos da Europa, eu
me dou conta do poder que têm os vigaristas de vampirizar os sonhos de justiça
dos jovens. Mas não vou me perder nisso agora.
Justiça
Os que foram às ruas cobram justiça e punição para os ladrões que assaltam a República. Os desmandos e o cinismo tomaram tal proporção que é preciso dizer um "Basta!". Nos dias que correm, um protesto que reúne 10 mil pessoas é, sim, muito bem-sucedido. E, reitero, à diferença da patuscada armada pelo MTST e pela CUT na quinta-feira, ali não havia relações de subordinação e de chefia. Eram pessoas que se juntavam espontaneamente, obedecendo apenas ao comando da própria vontade. Um dos cartazes me parece especialmente bom, exibido por um garoto. Este:
Os que foram às ruas cobram justiça e punição para os ladrões que assaltam a República. Os desmandos e o cinismo tomaram tal proporção que é preciso dizer um "Basta!". Nos dias que correm, um protesto que reúne 10 mil pessoas é, sim, muito bem-sucedido. E, reitero, à diferença da patuscada armada pelo MTST e pela CUT na quinta-feira, ali não havia relações de subordinação e de chefia. Eram pessoas que se juntavam espontaneamente, obedecendo apenas ao comando da própria vontade. Um dos cartazes me parece especialmente bom, exibido por um garoto. Este:
É isto: "Mais Brasil, menos PT". A sociedade está começando a se cansar
de ver um partido tomar o seu lugar. O que é a roubalheira na Petrobras senão a
consequência de uma ação política que substituiu os interesses da empresa, do
Brasil e de seus acionistas - a esmagadora maioria formada de trabalhadores -
pelos interesses de uma legenda e de seus sócios no poder? É crescente o número
de pessoas que não aceita mais trocar a eficiência e a dignidade pelas migalhas
que o petismo se orgulha de distribuir para 50 milhões de miseráveis - sim,
MISERÁVEIS -, que o programa de assistência aos muito pobres se transforme numa política
de Estado, não na suposta benesse de um partido.
Chega da mentira escandalosa de que, para distribuir alguma renda - bem pouca! -, é preciso conviver com os assaltantes do poder. Não é, não!
Desde 2002, os petistas vinham com a ladainha falsa de que seus adversários
queriam privatizar a Petrobras, o que sempre foi mentira. Eis aí: quem mesmo
tratou a Petrobras como se fosse o quintal de um lupanar?
Impeachment de Dilma
Os falsos democratas fingem se assustar com a palavra de ordem "impeachment de Dilma", como se fosse expressão de um golpismo. É mesmo? Então
quero ver a tese desenvolvida. Golpismo por quê? Já escrevi aqui muitas vezes e
reitero no ponto: IMPEACHMENT, SIM, SE FICAR PROVADO QUE ELA SABIA DA
ROUBALHEIRA EM CURSO NA PETROBRAS. Mas, para que se chegue lá, é preciso que se
investigue, que se colham as provas e que se proceda ao devido processo legal.
É certamente esse o pressuposto dos que pedem a saída de Dilma.
Quando se fala e se escreve a palavra "impeachment", está-se
falando de um procedimento legal, previsto na ordem democrática brasileira e
que integra o conjunto de possibilidades de um Estado de Direito. A lei que
permite a deposição de um chefe de Estado por crime de responsabilidade, a
1.079, não é nova; é de 1950, a mesma que afastou Collor do poder quando a
Câmara aceitou a denúncia.
Se ficar provado que a presidente Dilma Rousseff sabia de tudo -
ou, ao menos, de parte da lambança -, ela terá de deixar o poder porque lhe
faltará autoridade para governar o país. "E se isso acontecer?" O vice assume,
ora! Não é inédito nem segredo para nós. E se a denúncia tragar também o vice?
Aí o presidente da Câmara assume interinamente e se marcam novas eleições - se
o duplo impedimento ocorrer nos dois primeiros anos -, ou o Congresso indica o
novo chefe do Executivo na hipótese de ocorrer no biênio final. Em qualquer
hipótese, esse mandato termina no dia 31 de dezembro de 2018; em outubro desse
ano, haverá eleições presidenciais, com ou sem impeachment.
É isso mesmo: notem que dou tratamento meramente burocrático a
essa possibilidade porque, afinal, o Estado de Direito prescreve as saídas para
o impedimento presidencial. Impeachment sem provas? Aí, obviamente, não!
Na manifestação deste sábado na Paulista, em São Paulo, houve
caravanas de pessoas de outras cidades e até de outros Estados. O Brasil não
quer ser mais um país de pessoas honradas submetidas à vontade de ladrões.
Golpistas na cadeia!
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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