Por Reinado Azevedo
O bate-boca entre petistas e peemedebistas
continua. Já está quase na hora de chegar a turma do "deixa disso". Pelo PMDB, falará
então o vice-presidente, Michel Temer, ou Valdir Raupp, presidente da legenda.
Pelo governo, Aloizio Mercadante, novo chefe da Casa Civil, ou Ideli Salvatti,
ministra das Relações Institucionais, que ainda existe, embora poucos acreditem
nisso.
Nesta quarta, foi a vez de Washington Quaquá,
presidente do PT do Rio, sair atirando contra o deputado federal fluminense
Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara. Afirmou, segundo informa a Folha: "Tenho o maior respeito pela história do
PMDB, que tem importância na estabilidade política do Brasil. Mas não vamos ser
chantageados por um cidadão bocudo como Eduardo Cunha. Já ouvi declarações do
Raupp, do Michel Temer dizendo que a aliança tem a maioria da convenção. Nem o
PMDB, que tem uma história no Brasil, nem o PT podem virar reféns de gente como
Eduardo Cunha". Referindo-se ao "blocão" formado pelo peemedebista, o petista o
chamou de líder do "bocão". E acrescentou: "Eles estavam acostumados com o
PT do Rio, que ficava orbitando em torno dos cargos do governo. Não se
acostumaram com o novo PT do Rio, que, de fato, tem ojeriza a esse tipo de
gente, a banda podre do PMDB".
A convenção a que se refere Quaquá é a do PMDB, que
vai decidir se o partido vai apoiar a candidatura de Dilma à reeleição - o que
é certo - ou escolher um outro nome. No Twitter, Cunha chegou a defender o
rompimento da aliança e, nos bastidores, ameaça sugerir a antecipação da
convenção do partido para encaminhar essa proposta. O petista tem razão
numa coisa ao menos: o rompimento não vai acontecer nem com "reza braba", como
se diz lá em Dois Córregos, mas o PMDB que vai para as eleições neste 2014
reúne insatisfeitos em penca.
É claro que o PT não tem ojeriza a nada que diga
respeito ao poder desde que possa fazer as suas vontades e que isso seja útil
ao partido - ou não dividiria o governo do Maranhão com a família Sarney. Isso
é bobagem. Se o partido se conformou em ser satélite de Sérgio Cabral por
longos sete anos é porque não tinha, até então, uma candidatura viável no
estado. Agora julga ter: a de Lindbergh Farias. Como é hábito no petismo, se um
adversário é útil à sua causa, passa a ser tratado como aliado; se um aliado é
incômodo, passa a ser tratado como inimigo.
Reitero o que escrevi aqui ontem: não haverá o
rompimento do PT com o PMDB, mas as escaramuças vão se acumulando. Um fator a
mais de preocupação para Dilma Rousseff, até porque o presidenciável Aécio
Neves (PSDB) tem, vamos dizer assim, várias fontes de interlocução no partido.
Não se esqueçam de que, em 2008, houve um flerte explícito entre Aécio e o
partido. Numa homenagem a Tancredo Neves no Congresso, naquele ano, o então
presidente do Senado, Garibaldi Alves, que hoje é ministro da Previdência,
afirmou, dirigindo-se ao agora senador tucano: "Espero que, nas próximas
visitas, o senhor não seja mais um convidado especial tão ilustre, mas seja
nosso companheiro". Ao que emendou o deputado Henrique Eduardo Alves, hoje
presidente da Câmara: "Posso dizer que o namoro começou, agora se vai dar em
casamento, só o tempo dirá".
Não acredito, insisto, no rompimento da aliança
entre o PMDB e o PT, mas é certo que cresce enormemente o contingente de
peemedebistas dispostos a experimentar um novo amor.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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