Por Reinaldo Azevedo
Longe de esfriar, o caso Petrobras só esquentou.!
Está pelando. E agora os emissários do governo resolveram fazer um pouco de
terrorismo para assustar os parlamentares. A primeira frente de preocupação do
Planalto vem de Nestor Cerveró, presidente da Área Internacional da Petrobras
quando a empresa brasileira comprou a refinaria de Pasadena, em 2006. Ele teria
feito o memorial executivo recomendando a compra, em parceria com Paulo Roberto
Costa, diretor de Abastecimento e Refino até o ano retrasado - é aquele sujeito
que está preso, acusado de se envolver com lavagem de dinheiro. Já falo a
respeito dele.
Muito bem! Oito anos depois da compra da refinaria
de Pasadena, Dilma jogou toda a responsabilidade nas costas de Cerveró e o
demitiu de maneira humilhante, pela imprensa, da direção financeira da BR
Distribuidora, cargo que ele ocupava até a semana passada. O homem está fora do
país e, segundo informa a Folha nesta terça, emitiu sinais a parlamentares da
oposição de que está disposto a falar no Congresso. A falar o quê? Ninguém
sabe! Serão apresentados requerimentos convidando-o a depor nas comissões de
Minas e Energia, Fiscalização e Controle, Finanças e Tributação e Relações
Exteriores.
Esse não é o único fio desencapado. O outro é Paulo
Roberto Costa, cuja prisão passou ontem de temporária para preventiva. Numa
eventual CPI da Petrobras - que o governo tenta evitar a todo custo -, ele
seria certamente uma das principais personagens.
Sim, Costa fez com Cerveró, a quatro mãos, o
documento que recomendou a compra de Pasadena, omitindo as cláusulas que
geraram um prejuízo à Petrobras de US$ 1,18 bilhão. Mas está mais enrolado do
que isso. Segundo a PF, ele era um dos parceiros do doleiro Alberto Yousseff,
principal personagem da operação Lava-Jato. A PF acredita que Yousseff pagou a
Costa R$ 7,9 milhões de propina relacionados à refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco. É aquele empreendimento que a Petrobras deveria tocar em parceria
com a PDVSA, da Venezuela, e que, na prática, caiu inteiro no seu colo. Até aí,
vá lá. Ocorre que a refinaria foi orçada em US$ 2,5 bilhões e, hoje, estima-se
que não saia por menos de US$ 20 bilhões.
Na estatal, Costa acabou, vamos dizer assim, sendo
adotado pelo PMDB e pelo PT. Nos bastidores, emissários do Planalto fazem
terrorismo. A mensagem é a seguinte: se o ex-diretor falar, pode ser ruim para
todo mundo. Segundo comentam deputados e senadores petistas, o temor maior de
uma CPI não é o, por si, escandaloso contrato de Pasadena, mas as ramificações
políticas do diretor que está preso. Até 2012, ele circulava pampeiro e
poderoso por vários gabinetes da Câmara e do Senado.
Eis o ambiente que garantiu a decadência da maior
empresa do país, que perdeu mais de R$ 200 bilhões em valor de mercado em três
anos e que viu a sua dívida saltar R$ 180 bilhões para R$ 300 bilhões no
período. Escolham o que vocês acham que poderia render uma CPI na Petrobras.
Prejuízo de US$ 1,18 bilhão na compra de uma refinaria nos EUA? Sim, tem isso.
O confisco de duas refinarias da Petrobras por Evo Morales, aliado dos
petistas? Tem isso também. Uma refinaria orçada em US$ 2,5 bilhões que já está
custando US$ 20 bilhões e ainda não começou a operar? Ora, é claro que tem!
Atraso de quatro anos na construção de um complexo petroquímico, no Rio, cujo
custo já saltou de R$ 19 bilhões para R$ 26,6 bilhões? É só pedir, que a
Petrobras produziu esse escândalo. Negócios suspeitos com uma empresa de
plataformas holandesa? É claro que esse produto não poderia faltar!
A maior empresa brasileira, que serviu ao
proselitismo político do PT em três eleições consecutivas, se transformou numa
casa de horrores, na casa-da-mãe-joana, em instrumento das politicagens mais
vis.
Hoje, já não cabe mais a campanha "O petróleo é
nosso". Hoje, é preciso lançar a campanha "A Petrobras é nossa" - antes que o
PT acabe com ela. O partido já torrou mais de R$ 200 bilhões de seu valor de
mercado. A parte que sobrou já é menos da metade.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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