Museu Regional de Arte: Quando andava de portas abertas
Foto: Arquivo
O Museu Regional de Arte continua fechado. O importante
equipamento está fechado há praticamente três anos. Foi inaugurado em 26 de
março de 1967, há 47 anos, como Museu Regional, com um acervo de cerca de 100
trabalhos. Desenvolveu seu papel com a participação de abnegados dirigentes até
1985 quando passou para a tutela da Universidade Estadual de Feira de Santana
(Uefs), no reitorado de Josué Mello.
O Museu Regional de Arte não abre suas portas desde que o
artista plástico e professor Gil Mário Menezes foi afastado da direção pela
administração petista, depois de 16 anos de profícua e significativa atuação.
Assim, o espaço está artisticamente morto, sem nenhuma
exposição realizada, sem nenhuma possibilidade de visitação ao rico acervo de
obras - que pode estar largado em cantos e no chão.
Segundo o artista plástico Gil Mário, existe uma grande
polêmica sobre a criação do Museu e seus benfeitores. "Acredito que duas
versões se completam: a descrição do professor Joselito Falcão de Amorim
(prefeito da época de sua inauguração) e remanescentes de intelectuais
feirenses que antecederam a inauguração".
Ele conta que segundo o professor Amorim, "os esforços
de Odorico Tavares, diretor dos Diários Associados na Bahia, de Alaor Coutinho,
secretário da Educação e Cultura do Estado da Bahia e o apoio inconteste de
Assis Chateaubriand, diretor proprietário dos Diários Associados, doando ou
incentivando a doação de 80% do acervo primário desse Museu, além do governador
Lomanto Junior, propiciaram essa realidade".
Gil Mário diz mais que "Chateaubriand que voltava da
Inglaterra onde exerceu a função de embaixador brasileiro veio com idéia de
fundar museus no Nordeste, sua região de nascimento: chegou a realizar este
sonho na Paraíba, em Campina Grande, criando o Museu Assis Chateaubriand, em
Pernambuco criou o Museu de Arte Contemporânea na cidade de Olinda. Só faltava
o de Feira de Santana na Bahia".
"Coordenados por Joselito Amorim que já tinha
promulgado a Lei 516 de 06/01/1967 criando o setor de documentação (Arquivo
Público Municipal), então era o momento do registro visual, o Museu Regional.
Com isso, artistas e intelectuais como Jorge Amado, Wilson Lins, Godofredo
Filho, o livreiro Dermeval Chaves, entre outros, envolveram-se nesse
projeto", prossegue.
A outra versão, segundo Gil Mário, "tratava da idéia de
um Museu que registrasse o 'Ciclo do Couro', período que Feira evoluía em
função do comércio do gado e o artista era um mero artesão decorando e criando
talhas, moringas, selas e arreios, redes, carros-de-bois, carroças, utensílios
da casa de farinha entre muitos outros objetos da sobrevivência. Aí o defensor
era Eurico Alves Boaventura um amante da cidade 'Portal do Sertão' com todo seu
envolvimento de entroncamento rodoviário e comercial do país. Daí a inclusão do
nome 'Regional'".
Ele lembra que Dival Pitombo foi o primeiro diretor até seu
falecimento em 1989. Os gerentes de museu que sucederam Dival foram: Franklin
Machado, Antônio Barreto, José Raymundo Rocha e Gil Mário Menezes, que foi
curador até agosto de 2011. Atualmente, o diretor é o historiador Aldo José
Morais Silva.
O Museu Regional de Arte tem exemplares dos principais
movimentos culturais brasileiros desde 1922 até 2010 - as coleções de Arte Moderna,
mais notadamente os movimentos da Semana de 1922 até os pós-modernistas baianos,
artistas que representam o Estado até 2008, além da importante coleção inglesa.
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