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quinta-feira, 27 de março de 2014

Olney São Paulo: Preso e torturado pelo "crime" de fazer "Manhã Cinzenta"




Por Adilson Simas
O filme mais importante de Olney São Paulo é "Manhã Cinzenta" (Foto: Reprodução), média-metragem que o cineasta realizou em 1969. Mas, quem
conhece esse filme? Em Feira de Santana, pouca gente. O jornalista Dimas Oliveira assistiu ao filme porque conseguiu um projetor de 16mm para que Olney mostrasse a cópia que tinha em mãos, projetada em sessão secreta numa parede de casa de familiares. "A exibição clandestina não o satisfazia", conta Dimas, completando que Olney morreu tentando uma revisão da Censura.
Com "Manhã Cinzenta", Olney São Paulo garantiu um lugar na História. Ele é o único cineasta brasileiro a ser preso, torturado e processado pelo "crime" de ter feito esse filme. Ele registrou nas ruas um momento histórico: a crise estudantil de maio de 1968 e a atuação da repressão. Uma cópia do filme foi parar nas mãos de um dos seqüestradores do Caravelle desviado para Cuba, em 1969, e Olney foi preso porque a fita teria sido exibida aos passageiros como prova dos desmandos da ditadura.
Após o parecer em que o filme foi considerado como "altamente subversivo", por "incitar o povo contra o regime vigente", Olney viu-se enquadrado na Lei de Segurança Nacional e processado. Corria o ano de 1971. O filme foi censurado e o autor ficou com o rótulo de maldito, ganhando aposentadoria compulsória no Banco do Brasil, onde tinha um emprego conseguido por concurso - ele começou a trabalhar na agência de Feira de Santana e depois foi transferido para o Rio de Janeiro. 
A partir do AI-5, outorgado em 13 de dezembro de 1968, a Censura não tinha preocupação em justificar os atos de proibição e cortes dos filmes. Com a prisão, Olney sofreu danos em sua saúde - ele morreu aos 41 anos e a família sustenta que sua saúde frágil foi abalada por maus-tratos na prisão. Também é registrado o completo desaparecimento dos negativos de "Manhã Cinzenta", nas dependências da Censura. Depois de vetado, o filme nunca mais foi encontrado. Praticamente sumiu da memória cinematográfica nacional, um prejuízo artístico e econômico. Sua última exibição conhecida foi na mostra "Cinema Calado - Filmes Censurados", realizada em 3 de março de 2001, na Cinematec a Brasileira, em São Paulo.
* Adilson Simas é jornalista  mantém o "Blog Por Simas"

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