Por Reinaldo Azevedo
Vejam esta foto, de Ricardo Stuckert, do Instituto
Lula.
Tudo nela é ilegal.
Em pé, veem-se Lula e Dilma no gesto clássico de
união de forças, com as mãos dadas, cada um agarrado ao punho do outro, para
demonstrar a aliança inquebrantável. à esquerda da mesa, o deputado estadual
Edinho Silva, presidente do PT de São Paulo; o marqueteiro João Santana e,
escondido atrás de Lula, Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil. À direita,
Giles Azevedo, ainda chefe de Gabinete da Presidência; o deputado estadual Rui
Falcão, presidente nacional do PT, e Franklin Martins, que será chefe da área
de comunicação da campanha de Dilma à reeleição.
Eles estão no Palácio da Alvorada, que é a
residência oficial de Dilma, mas que, nem por isso, deixa de ser um prédio
público. É aceitável que Dilma receba políticos em sua, vá lá, casa, mas não
que transforme o lugar num comitê de campanha. O objetivo da reunião era tratar
da campanha eleitoral de 2014 - principalmente a de Dilma, mas também debater o
panorama nacional, as alianças do PT etc.
Se querem a evidência de que se trata de uma
ilegalidade, recorramos a uma espécie de legislação comparada. Se Dilma
decidisse montar desde já um comitê de campanha, a Justiça Eleitoral mandaria
fechá-lo porque isso ainda é proibido. Como pode, então, usar uma edificação
pública com essa finalidade, ainda que parte do lugar lhe sirva de residência?
E aqui cumpre notar: ali, sim, a residência da presidente Dilma Rousseff, mas
quem comandou a reunião foi a candidata Dilma Rousseff.
A reunião foi realizada na biblioteca do palácio,
que é uma das áreas não-íntimas do prédio. Já estive no local. Há livros lá de
altíssima qualidade, diga-se, que estão acumulando poeira nos últimos 11 anos.
Muitos deles poderiam contar à presidente Dilma, entre outras coisas, que
Manaus é a capital do Amazonas, não da Amazônia, como ela anunciou recentemente
ao mundo. Certamente não foi devorando aqueles muitos volumes que Lula chegou à
conclusão de que o planeta Terra teria muito a ganhar se, em vez de redondo,
fosse quadrado, como ele conjecturou certa feita.
Vejam a foto. É o dinheiro público que paga a luz
elétrica, o papel, a água, a faxina que foi feita, a segurança e, tenho
certeza, o transporte que conduziu a turma até ali - ou Mercadante e Giles
Azevedo, que exercem cargos no ato escalão do governo, chegaram dirigindo os
respectivos carros? Acho que não!
Reitero: Dilma receba quem quiser na residência
oficial. Ocorre que o encontro, com imagem divulgava pelo Instituto Lula, já se
transformou num evento de campanha eleitoral. E é evidente que prédio e
dinheiro públicos não podem ser destinados a este fim. Alguém poderá dizer que
estou sendo rigoroso demais. É… Sou assim mesmo. De uma presidente da
República, o mínimo que espero é que cumpra a lei.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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