Por Reinaldo Azevedo
Tentar impor limites ao petismo não é nem
fácil nem difícil; é inútil. Vocês se lembram da confusão criada pelo kit gay
na gestão do então ministro da Educação, Fernando Haddad. Entre outras
barbaridades, um vídeo dizia que ser bissexual é mais vantajoso do que ser
hétero; um material impresso estimulava crianças do ensino fundamental a
procurar num caça-palavras o nome das pessoas que não se sentem confortáveis
com seu órgão genital… Quando a coisa veio a público, Haddad recorreu à
desculpa nº 13 do Manual do Despiste Petista: "Eu não sabia". O material foi
suspenso, e ninguém respondeu pelo prejuízo causado por sua produção. Muito
bem. Vejam este cartaz.
Ele
faz parte de uma campanha contra a Aids do Ministério da Saúde, cujo titular é
Alexandre Padilha, um dos queridinhos de Lula e pré-candidato do partido ao
governo de São Paulo. É isso mesmo que vocês estão lendo e vendo. O governo
brasileiro decidiu "combater a Aids" com a afirmação de identidade da
prostituta. Escrevi hoje de manhã a respeito. Esqueçam tudo o que se aprendeu
sobre "oprimido" e "opressor". Se, antes, a prostituição era considerada fruto
de uma conjunção infeliz de circunstâncias sociais com escolhas individuais,
digamos, imprudentes, passou a ser motivo de orgulho.
Leiam
trecho de reportagem da VEJA.com. Volto em seguida.
(…)
Após a repercussão negativa da campanha, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o material não passou pelo seu aval: "Do Ministério da Saúde, é papel ter mensagens específicas para estimular a prevenção das DSTs fundamentadas nas profissionais do sexo, que é um grupo bastante vulnerável". "Enquanto eu for ministro, campanhas assim não vão passar pelo ministério", afirmou Padilha, cotado como candidato do PT ao governo de São Paulo nas eleições do ano que vem.
(…)
Após a repercussão negativa da campanha, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o material não passou pelo seu aval: "Do Ministério da Saúde, é papel ter mensagens específicas para estimular a prevenção das DSTs fundamentadas nas profissionais do sexo, que é um grupo bastante vulnerável". "Enquanto eu for ministro, campanhas assim não vão passar pelo ministério", afirmou Padilha, cotado como candidato do PT ao governo de São Paulo nas eleições do ano que vem.
A
iniciativa surge logo após uma série de fiascos em campanhas de Saúde na gestão
do petista. Em março deste ano, o Ministério da Saúde suspendeu distribuição de
um material direcionado para o público adolescente e que tinha como tema a
prevenção da aids. O kit era formado por seis revistas em quadrinhos e tratava
de assuntos como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade.
Na época, mais uma vez Padilha afirmou que a distribuição do material foi
realizada sem o seu consentimento, além de não ter sido aprovado pelo conselho
editorial. (…) No mês passado, o ministério gastou 10 milhões de reais em uma
campanha que informava, de forma equivocada, que pessoas com problemas
relacionados a planos de saúde particulares deveriam ligar para a Ouvidoria do
SUS, que trata da saúde pública. A campanha precisou ser corrigida.
Voltei
A abordagem estúpida, sempre na linha pé-na-jaca, das campanhas de combate à Aids e DSTs no geral não é um erro, um deslize, um equívoco. Trata-se de um método. Há muitos anos venho abordando este assunto. A razão é simples: o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação relegam os assuntos da sexualidade a ongs e militantes de causas: gays, feministas etc. A Saúde dispensa o auxílio de médicos e infectologistas, e a Educação, o dos pedagogos. Assim, em vez de um trabalho técnico, voltando para a orientação, o que se tem é proselitismo.
A abordagem estúpida, sempre na linha pé-na-jaca, das campanhas de combate à Aids e DSTs no geral não é um erro, um deslize, um equívoco. Trata-se de um método. Há muitos anos venho abordando este assunto. A razão é simples: o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação relegam os assuntos da sexualidade a ongs e militantes de causas: gays, feministas etc. A Saúde dispensa o auxílio de médicos e infectologistas, e a Educação, o dos pedagogos. Assim, em vez de um trabalho técnico, voltando para a orientação, o que se tem é proselitismo.
Em
fevereiro do ano passado, o Ministério da Saúde retirou do Portal sobre Aids,
Doenças Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais, que o órgão mantém na Internet, um vídeo com cenas de um casal homossexual trocando carícias em uma
boate. O filme fazia parte da campanha de prevenção a doenças transmissíveis
por relações sexuais lançada para o Carnaval daquele ano. De acordo com a
assessoria de imprensa da pasta, o vídeo foi feito para ser exibido
exclusivamente em locais fechados, que recebem público homossexual, e não
deveria ter sido tornado disponível na rede. Segundo o ministério, a postagem
do vídeo no portal foi "um equívoco".
Equívoco?
O erro do ministério nesse filme nada tem a ver com o fato de os parceiros serem gays. Escrevi então a respeito. O seu erro - brutal, escandaloso, incorrigível - era de outra natureza, sintetizada na seguinte frase do locutor. "Na empolgação, rola de tudo, só não rola sem camisinha". Epa! Se existe camisinha, então tudo é permitido? Acho que não! Trata-se, mais uma vez, de uma pregação irresponsável. Basta ver o filme para constatar que há nele a aceitação tácita - mais do que isso: há o incentivo - ao sexo entre pessoas que acabaram de se conhecer.
O erro do ministério nesse filme nada tem a ver com o fato de os parceiros serem gays. Escrevi então a respeito. O seu erro - brutal, escandaloso, incorrigível - era de outra natureza, sintetizada na seguinte frase do locutor. "Na empolgação, rola de tudo, só não rola sem camisinha". Epa! Se existe camisinha, então tudo é permitido? Acho que não! Trata-se, mais uma vez, de uma pregação irresponsável. Basta ver o filme para constatar que há nele a aceitação tácita - mais do que isso: há o incentivo - ao sexo entre pessoas que acabaram de se conhecer.
Ora, a
Aids não é a única doença que se pode contrair na intimidade total entre não
íntimos. A camisinha é só uma barreira física. O que realmente pode combater a
doença são as interdições morais. A palavra assusta os ignorantes e os idiotas
porque eles associam o termo "moral" ao "moralismo" como sinônimo de uma vida
de hipocrisias e interdições. Não se trata disso. Se uma campanha oficial
considera normal, aceitável e até desejável que pessoas que acabaram de se
conhecer terminem na cama, então não haverá camisinha que dê jeito. Se ela
estiver à mão, bem; se não estiver, bem… Pesquisem a respeito. Uganda
tem o programa mais eficiente da África de redução da Aids. A camisinha é só o
terceiro item de uma tríade, que virou política oficial: abstinência sexual,
fidelidade no casamento e, sim, a borracha.
Não,
não sou doido. Imaginem se o governo pé-na-jaca faria uma campanha pela
abstinência… Sou realista. Mas eu aposto: até que a política oficial for de
incentivo ao sexo irresponsável, nada feito. Não por acaso, e vocês podem achar
os dados na Internet, de fontes confiáveis, a contaminação pelo vírus voltou a
crescer entre homossexuais, especialmente os mais jovens, com escolaridade que
já lhes permite saber como se dá o contágio.
E por
que é assim? Porque o Ministério da Saúde entrega essas campanhas não a
médicos, não a estudiosos do comportamento, mas a militantes da causa. E os
militantes sempre confundem o combate à Aids com o que chamam "preconceito". Há
ainda outro fator: o coquetel anti-Aids está levando muita gente a considerar
que a doença é só um mal crônico, que tem controle. E, obviamente, não é.
Consta que os efeitos dos medicamentos ainda são bem desagradáveis e impõem
consideráveis restrições às pessoas em tratamento.
Enquanto
for esse o parâmetro, o combate à Aids e às DSTs continuará a custar uma
fortuna aos cofres públicos e será uma espécie de enxugamento de gelo. Com tudo
o que já se sabe sobre algumas doenças, o contágio deveria ser hoje uma
exceção, própria apenas das últimas franjas de desinformação do Brasil mais
atrasado. E, no entanto, não é assim. O filme e o cartaz não servem para
combater as doenças, mas para fazer propaganda de um estilo de vida. De um
péssimo estilo de vida, diga-se, no que concerne à saúde. Se alguém duvidar,
basta olhar os dados sobre o contágio. O estado fornece hoje camisinha,
remédio, informação, tudo de graça. Mais um pouco, vira babá de genitálias.
Esse
estado só não tem como fazer a escolha moral em lugar do indivíduo. Se bem que
o nosso está fazendo. E faz uma péssima escolha.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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