Por Reinaldo Azevedo
Inconformados
com o suposto desvio conservador das manifestações, os coxinhas radicais do
Movimento Passe Livre e seus aliados de esquerda do MTST (Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto) e do Periferia Ativa decidiram, há dois dias, não
convocar mais manifestações em São Paulo. Como os protestos continuaram a
acontecer mesmo sem eles, então recuaram do recuo e agora estão de volta. Por
enquanto ao menos, parece que vão deixar a Paulista "para a direita". Os
almofadinhas, agora, querem cair nos braços da periferia.
Com o
auxílio da imprensa, transformada em sua porta-voz, a turma decidiu marcar um
protesto que tem duas áreas iniciais de concentração: o Largo do Campo Limpo e
a estação do metrô Capão Redondo. Atenção para isto: os protestos vão começar
às 7 horas, segundo informam os portais noticiosos. Se for assim, parece que a ideia
é forçar uma espécie de greve junto com a manifestação. A depender das adesões
e do que faça o grupo, cria-se um colapso nos transportes, e ninguém consegue
se mexer.
Mas,
diz o Datafolha, 66% dos paulistanos apoiam os protestos. Eu também apoio, já
disse, mas não assim. Nenhuma democracia do mundo permite que a vida das
pessoas - ainda que seja da minoria de 34% - seja decidida pela vontade
militante de alguns grupos, ainda que suas causas sejam justas e razoáveis. A
do MPL é?
Eles
avisam em sua convocação que o protesto de agora é pelo "passe livre" mesmo. E
escrevem: "Se, antes,
diziam que baixar a passagem era impossível, a luta do povo provou que não é.
Já derrubamos os 20 centavos. Podemos conquistar muito mais. O transporte só
vai ser público de verdade quando não tivermos que pagar nenhuma tarifa para
usá-lo". Eu não vou
dar piscadelas para essa sandice. Pouco me importa que o peso recaia sobre
Fernando Haddad, que já apelidei aqui de o Supercopxinha de esquerda. A
Prefeitura não é dele. Quando ele se for, o problema continua.
Ah,
sim: a pauta de demonização da polícia continua. O MPL também vai pedir a sua "desmilitarização" e mais verbas para saúde e educação. Contra a corrupção e o
vandalismo, até agora, o grupo não falou. Deve achar que é coisa "de direita".
Os
portais estão noticiando o serviço, ensinado a seus leitores como chegar ao
local da passeata. É mais ou menos como se fosse uma excursão ao mundo dos
pobres, entenderam? Uma espécie de mistura de espírito militante com espírito
turístico. A depender da bagunça que essa gente faça lá no metrô do Capão
Redondo, há o risco de pôr em colapso todo o sistema.
Mas
nós todos já aprendemos. Se houver alguma confusão, a culpa ou é da polícia ou
é de uma "minoria infiltrada", como a Globo passou a chamar os vândalos. Jamais
será de quem marcou um protesto em áreas vitais da cidade, às sete da manhã.
Faustão
Um amigo me liga e diz que Fausto Silva fez há pouco um verdadeiro manifesto em defesa das mobilizações - contra, claro!, o vandalismo. Só faltava ser a favor. Teria feito considerações em tom meio jacobino sobre a passividade do povo, a necessidade de ir às ruas e coisa e tal. Se o bicho por aqui pegar, se o pau comer pra valer, sabem como é, ele sempre poderá se solidarizar conosco lá de Miami, onde não há a hipótese de violação de direitos fundamentais com o apoio de programas de entretenimento. Há, evidentemente, uma óbvia diferença entre a defesa da civilidade nos protestos e a incitação.
Um amigo me liga e diz que Fausto Silva fez há pouco um verdadeiro manifesto em defesa das mobilizações - contra, claro!, o vandalismo. Só faltava ser a favor. Teria feito considerações em tom meio jacobino sobre a passividade do povo, a necessidade de ir às ruas e coisa e tal. Se o bicho por aqui pegar, se o pau comer pra valer, sabem como é, ele sempre poderá se solidarizar conosco lá de Miami, onde não há a hipótese de violação de direitos fundamentais com o apoio de programas de entretenimento. Há, evidentemente, uma óbvia diferença entre a defesa da civilidade nos protestos e a incitação.
Faustão
teria perguntado no ar, com a plateia sempre respondendo "Nãããooo":
- A saúde e boa?
- A educação é boa?
- A segurança é boa?
- O transporte é bom?
- A saúde e boa?
- A educação é boa?
- A segurança é boa?
- O transporte é bom?
O
discurso demagógico e populista raramente é definido pelo conteúdo, mas pelo
tom. Nessas circunstâncias, a resposta seria "nãããõoo" na maioria das grandes
cidades do mundo. A questão é saber se cabe a animador de auditório esse tipo
de discurso e se aquele é o lugar adequado para esse tipo de debate. Não! Não
estou defendendo censura, não! Só bom senso. Ele fale o que bem entender. Eu
falo também.
Vinte
e três de junho de dois mil e treze. Não se esqueçam de que eu disse aqui que
essa aparente explosão de cidadania vai tornar o Brasil ainda mais refém do que
já é hoje em dia de minorias radicais, que impõem a sua pauta mesmo sem ter
representação para isso. Este será um dos temas principais do segundo capítulo
da série "Por que eu digo não".
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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