Por Carlos Chagas
"De boas intenções o inferno está cheio",
dizia o refrão popular. Está na hora de refluir o movimento pelo passe
livre e demais reivindicações. É imprescindível que os jovens deixem as ruas.
Obtiveram sucesso. Em quase todas as cidades do país os prefeitos
revogaram o aumento das passagens dos transportes coletivos. Provavelmente o
governo federal tomará a iniciativa de investir mais em educação e saúde.
Então, chega! Basta! Porque as manifestações
ditas pacíficas transformaram-se na guerrilha urbana mais violenta de
nossa História. Por certo que sem desejar a imensa baderna que nos assola, os
líderes não tiveram força para impedir a ação do que chamam de minorias
empenhadas em depredar, invadir, assaltar e destruir. Minorias? Há dúvidas. São
esses animais que hoje chefiam o movimento de protesto. Filmados e
fotografados, mas não presos, eles instituíram a violência como regra,
aproveitando-se da ingenuidade da maioria. Ou da complacência, talvez
conivência, também.
Está demonstrado que as autoridades públicas
tornaram-se incapazes de preservar a ordem. Policiais militares fugindo só não
é imagem mais deprimente do que policiais militares atirando sobre a multidão,
mesmo quando as balas são de borracha. Prédios públicos atingidos, lojas
comerciais saqueadas, avenidas sitiadas e gente ferida - é esse o saldo dos
protestos urbanos que já duram dez dias. Até agora, um cadáver, mas
quantos outros, se a baderna continuar?
Vem à lembrança o episódio do aprendiz
de feiticeiro. Passou a hora de ficar apenas elogiando as
monumentais passeatas, a coragem dos jovens em
reivindicar melhores condições de vida e mais eficientes estruturas
institucionais. Aplausos para eles, mas chega! Basta! Os efeitos da iniciativa
tornaram-se incontroláveis. As criaturas ultrapassaram os criadores. Para
interromper o vandalismo generalizado que conquista cada vez mais
adeptos, a solução deixa de passar pelas polícias. Está provada a insuficiência
delas. É preciso interromper essa prática antes dita democrática e agora
transformada em portal do caos.
Se houver patriotismo e bom senso por parte
dos líderes e do conjunto de manifestantes, devem ficar em casa. Deixar
que os animais fiquem sozinhos e isolados, se decidirem
continuar.
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