Por
Augusto Nunes
Em silêncio sobre o caso Rose há 217 dias,
faz 22 que Lula não abre a boca em público sobre as manifestações de rua que
vêm ocorrendo em centenas de cidades desde 6 de junho. E vai fazer o que pode
para continuar longe do assunto. Nesta sexta-feira, depois de permanecer
enfurnado algumas semanas no Instituto Lula, o maior dos governantes desde Tomé
de Souza tratou de afastar-se a jato - cedido por um empreiteiro amigo,
naturalmente - de problemas antigos ou novos. E caiu fora do país que perdeu a
paciência com os vendedores de fumaça que inventaram o Brasil Maravilha.
Como informa a coluna do meu irmão Ricardo Setti, o palanque ambulante foi
tapear plateias na África. Além de escondê-lo de perguntas sobre o caso de
polícia que protagoniza ao lado da segunda-dama Rosemary Noronha, além de
poupá-lo de caçar explicações para a onda de descontentamento que varre o
paraíso imaginário, a viagem livrou o foragido do dilema que atormenta a
presidente Dilma Rousseff, o governador Sérgio Cabral e o prefeito
Eduardo Paes: ir ou não ir ao Maracanã neste domingo.
Antes de decidir o que fazer, a trinca de
ases das urnas quer saber o que farão nas imediações do estádio os
participantes da manifestação de protesto contra as patifarias bilionárias que
transformaram a Copa de 2014 num monumento à ladroagem e à gastança. O jeitão
assustadiço dos três parceiros reforça a suspeita de que, se soubessem dos
planos de Lula, teriam garantido a pontapés uma vaga no jatinho do chefe. O
presidente da Fifa, Joseph Blatter, terá de ouvir desacompanhado a sequência de
vaias.
O Maracanã estará superlotado. Mas haverá
lugar de sobra na tribuna de honra.Fonte: "Direto ao Ponto"
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