Líderes
da oposição acusaram a presidente Dilma Rousseff de fugir da reivindicação
central das manifestações, que pedem melhorias no transporte público, na
educação e na saúde, e de jogar para o Congresso Nacional um problema que o
governo, em seus dez anos de mandato, não soube resolver: a reforma política.
Para o
senador Aécio Neves (PSDB-MG), a presidente frustrou os brasileiros. "O que se
viu hoje foi um Brasil velho falando para um Brasil novo. O Brasil velho onde
os governantes não assumem as suas responsabilidades, sempre buscam
transferi-las para terceiros, não reconhecem os equívocos que viveram e buscam
desviar a atenção com novas propostas", afirmou o parlamentar mineiro, um dos
prováveis adversários de Dilma nas eleições de 2014.
O
senador tucano ressaltou que a oposição sempre apoiou uma reforma política e
lamentou o fato de o governo, que detém ampla base no Congresso Nacional, não
ter aprovado o tema. Aécio Neves alegou ainda que Dilma, da mesma forma em que
busca se descolar das manifestações ao transferir para estados e municípios a
missão de desonerar as tarifas para o transporte público, empurra para o
parlamento a responsabilidade de encontrar uma reformulação para o sistema
político. "Não houve empenho do Governo Federal em dez anos na condução da
reforma política e ela agora, para desviar a atenção, transfere a questão para
o Congresso. Faltou ao governo coragem para assumir a sua parcela de culpa",
disse.
O líder
do Democratas no Senado, José Agripino Maia (RN), ponderou que o Supremo Tribunal
Federal (STF) teria de ser ouvido antes de qualquer decisão. Para o senador, em
vez de a presidente debruçar-se sobre as demandas da população, ela está
apostando em um tema que não é central neste momento e que pode trazer mudanças
perigosas. "Uma assembleia constituinte com o fim único de fazer reforma
política corre o risco de resultar no encurtamento de mandato ou mudança de
regime político", afirmou Agripino. "É isso que o Brasil precisa discutir ou há
outras coisas mais urgentes que se impõem?", questionou.
A
oposição sustenta ainda que a reforma política poderia ser feita por meio de um
Proposta de Emenda à Constituição (PEC), sendo desnecessária a convocação de um
plebiscito. "É fácil e o Congresso está pronto. Basta que a base do governo
concorde em votar", afirmou o líder do Democratas. "Se cabe ao Congresso convocar uma
constituinte, por que a maioria desse Congresso, que é da base de sustentação
da presidente, não faz? Isso que ela tem que responder. A Dilma parece uma
noviça no governo, quando está com o seu partido há mais de dez anos de
mandato", completou o presidente do Mobilização Democrática, Roberto
Freire (SP).
Fonte: VEJA.com
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