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sábado, 29 de junho de 2013

Os festejos juninos e a recriação da sua musicalidade




Por Carina Góes
A autêntica música junina, lastreada no velho e autêntico forró pé-de-serra, ou mesmo forró tradicional, não conta mais nem com a sala de reboco, com o grande salão e muito menos com a sanfona e o zabumba.
O mês de Junho é o momento da fusão entre o tradicional e suas recriações. A cada ano as antigas tradições são reinventadas e vivenciadas também por gerações cada vez mais novas. O que antes era marchinha, agora é sertanejo. No lugar do quentão, a cerveja. Símbolos religiosos, esses se misturam e pouco a pouco, a manifestação cultural descendente dos portugueses e adaptada pelo nordeste brasileiro, vem ganhando novos significados, hábitos e costumes.
Diante disso, a expressão São João na roça, tão comum para indicar o autêntico e tradicional festejo junino nas distâncias interioranas, já não serve mais para tal finalidade. Agora tudo mudou, os valores foram invertidos e as comemorações ganharam características bem diferentes.
Acompanhando os festejos juninos deste ano e conversando com amigos que comemoraram a data em lugares distintos, pude perceber a mudança. Primeiro, as comemorações não são as mesmas de tempos atrás, porque como sabemos a vida, a cultura, não é parada no tempo, ela é dinâmica. Sendo assim, porque as festividades juninas não poderiam ter suas mudanças?
Uma das evidências de maior destaque desta mudança que socializarei aqui, está na musicalidade. A autêntica música junina, lastreada no velho e autêntico forró pé-de-serra, ou mesmo forró tradicional, não conta mais nem com a sala de reboco, com o grande salão e muito menos com a sanfona, o zabumba, o triângulo, o pandeiro e o cantador.
A cada ano surgem novos ritmos, numa mistura de axé, sertanejo e modismos de duplo sentido. O arrocha ganha destaque na versão Universitária, Forrócha e Genérica. Quem tiver um tempinho e quiser conferir, basta pesquisar na internet os festejos juninos dos municípios do norte e nordeste, e logo perceberá que praticamente não há mais o autêntico forrozeiro com sua sanfona e muito menos um nome atual reconhecido no cenário nordestino. Pelo contrário, encontrará programações que são as mesmas de uma micareta ou de um carnaval. Isso em pleno São João.
Sei que ninguém é obrigado a mudar seus gostos musicais ou ter de passar a apreciar as preferências, os costumes e as tradições de outros tempos, já que cada época possui sua própria feição e nela se mira a modernidade de então, principalmente os mais jovens.
Também, não pretendo ser nostálgica, e muito menos ofender aos adeptos dos novos ritmos. Apenas, penso que ao se optar por transformar o São João em uma balada com bandas e grupos musicais voltados apenas para os mais jovens, estaremos perdendo as tradições típicas da época pelos modismos atuais, o que seria culturalmente injustificável.
É preciso rever a questão, e buscar a qualidade artística e cultural da programação organizada para as festas juninas nas diversas regiões do País, com muito debate e reflexão com a participação de todos os segmentos envolvidos, com políticas públicas que disciplinem a qualidade da programação traçada para essas atividades
Com toda essa mudança, com certeza, o grande Luiz Gonzaga, no seu repouso eterno, deve estar dizendo: "Acorda, povo, que São João chegou!". Acorda "sanfoneiro macho", desperta "assum preto", e vem cantar sob o "luar do sertão".
Fonte: "Diário Nordestino"

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