Por Reinaldo Azevedo
Ah,
mas quanto chororô e ai-ai-ais e ui-ui-uis porque apontei aqui a estatização do
lesbianismo de Daniela Mercury, aquela que dá beijo na boca no Fantástico,
anuncia o casamento com a sua “esposa” em rede nacional na maior emissora do
país, leva 120 paus do governo da Bahia para fazer proselitismo em favor de sua
causa, defende que o governo federal destitua congressistas de cargos
conquistados segundo as regras da democracia e, ora vejam!, depois de tudo
isso, ainda exercita o charme do oprimido. Gostos sexuais à parte - não é disso
que se cuida aqui! -, quem aí não gostaria de ser uma "oprimida" como Daniela
Mercury? Olhem a qualidade dos heróis de hoje, não é mesmo?
Todos
eles dão, realmente, o sangue - dos outros - por uma causa. Dia desses, meus
querido amigo Gerald Thomas gerou uma comoção em certos conventos pagãos ao negar ao diretor Zé Celso, do
Oficina, a condição de grande vítima do teatro brasileiro. Ao contrário - e
isto digo eu: Zé Celso é o verdadeiro burguês do capital alheio da dramaturgia.
Tem tantas regalias que não precisa nem saber se a operação dá lucro ou
prejuízo… Aliás, o burguês de verdade está sempre fazendo contas, né?, e esse
não é o caso de Zé Celso, cujo modelo de civilização nos manteria lá nas
cavernas, só cuidando daquilo naquilo - desde que ele fosse a chefe das
bacantes e ficasse dirigindo a cena… Mas volto ao ponto.
No
Brasil do coitadismo, os "coitados" se tornam categorias fixas e estanques, não
importa o poder que adquiram. Luiz Inácio Apedeuta da Silva, é evidente!, é o
grande mestre desse modo pilantra de fazer política. Já chego lá. Essas
categorias adquirem o direito de usar o charme do "perseguido" e nunca mais
abandonam o osso. E passam a exercer, então, o discurso do rancor triunfante.
Vejam o caso dos consumidores militantes de drogas. Praticam livremente o seu
vício - ou não? -, conquistaram o direito de cometer um crime que, na prática,
não tem pena (no máximo, trabalho comunitário, o que não é aplicado por quase
juiz nenhum); são tratados pela imprensa como pensadores superiores (também ela
está eivada de pensamento superior..)… E, mesmo assim, as marchas da maconha se
dão em tom de protesto, de indignação, contra um "Outro Poderoso" que a gente
não tem a menor ideia de quem seja… Quem será? Em horas assim, respondo: ele
devem estar é hostilizando o povo, que é contra a descriminação das drogas.
Escrevi
ontem aqui e reitero: há algo de profundamente errado e perverso num país em
que ser um "oprimido" de manual é muito mais vantajoso do que ser um "opressor"
de manual. Leio na imprensa que o MST voltou a invadir uma das fazendas da
Cutrale. Lembro-me que, no documentário "Entreatos", sobre os bastidores da
campanha eleitoral petista de 2002 - o filme, creio, ficou pronto em 2004 -, a
adesão do dono da Cutrale à campanha de Lula é saudada como um grande
conquista. Acho que é Gilberto Carvalho quem a anuncia. Pois bem! Depois dos
índios, o maior "dono" de terras do Brasil é o MST - alias, deve ser o maior
com gestão centralizada. O movimento manda nas áreas invadidas, nas áreas
assentadas e exerce o controle informal de boa parte do dinheiro que vai para a
agricultura familiar. Mas, saibam: João Pedro Stedile e seus bravos rapazes e
moças - que, às vezes, saem depredando propriedades por aí - são todos vítimas!
Até aquelas senhoras que vão às ruas defender a legalização do aborto falam
como…oprimidas. Contra quem? O opressor é o feto? O que não pode correr?
Acima,
digo que Lula é uma espécie de símbolo dessa postura. Ele já era muito poderoso
quando venceu a eleição, em 2002. Seria dispensável dizer por quê. Comandava
boa parte do sindicalismo brasileiro e era, por vias oblíquas, o manda-chuva
último dos bilionários fundos de pensão, que participaram ativamente das
privatizações contra as quais o PT, para todos os efeitos, lutava… Vocês viram
o partido reverter alguma? Pois bem: elegeu-se presidente com a retórica da
vítima triunfante, que chegou lá. Manteve esse discurso nas disputas de 2006 e
2010. O confronto é sempre o mesmo: "nós, os pequenos, mas poderosos se
unidos", contra "eles", os "grandes". Mas quem é esse "eles"? Quem é esse "outro opressor" na fala do Apedeuta e do PT? Dilma acabou de perdoar a dívida
de algumas tiranias africanas. Ela o fez pensando nos "pequeninos" da África?
Para beneficiar os oprimidos? Parece que alguns financiadores de campanha no
Brasil sabem que não.
UMA
NOTA ANTES QUE CONTINUE - Vejam como esse PT é mesmo fabuloso. Oficialmente, o partido quer
o financiamento público de campanha, mas perdoa uma divida dos clientes de
alguns potentados brasileiros que são… grandes financiadores de campanha!!! Entenderam
a lógica? Encerro a nota e volto ao ponto.
Cristãos
em Brasília
Evangélicos e, tudo indica, muitos grupos católicos pretendem fazer uma grande manifestação em Brasília nesta quarta-feira. Um dos organizadores é o pastor Silas Malafaia. À diferença do que se tornou moda no Brasil, não é um protesto de "vítimas" em busca de direitos excepcionais, mas em defesa de valores da Constituição. Há quatro palavras de ordem na convocação: em defesa da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da família tradicional e da vida (leia-se: contra o aborto). Publiquei no dia 16 de abril um post em que o entrevisto. Reproduzo o que me disse então:
Evangélicos e, tudo indica, muitos grupos católicos pretendem fazer uma grande manifestação em Brasília nesta quarta-feira. Um dos organizadores é o pastor Silas Malafaia. À diferença do que se tornou moda no Brasil, não é um protesto de "vítimas" em busca de direitos excepcionais, mas em defesa de valores da Constituição. Há quatro palavras de ordem na convocação: em defesa da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da família tradicional e da vida (leia-se: contra o aborto). Publiquei no dia 16 de abril um post em que o entrevisto. Reproduzo o que me disse então:
"Nós
somos contra a equiparação da união homossexual à heterossexual? Sim! Nós somos
a favor do que passaram a chamar de 'família tradicional', formado por homem,
mulher e filhos? Sim! Certamente, por razões óbvias, essas questões surgirão em
nossa manifestação. E temos essas opiniões porque são matéria de convicção, de
crença, e porque a Constituição nos assegura o direito de tê-las. Mas o objeto
principal do nosso encontro é outro. Vamos nos manifestar a favor da liberdade
de expressão e contra o controle da mídia, que vem sendo reivindicado por
pessoas que odeiam a liberdade. Não aceitamos o controle da mídia nem pelo
estado nem por grupos militantes. Querem nos transformar, aos evangélicos, em
antediluvianos, em reacionários. Errado! Nós somos a modernidade democrática.
Nós é que somos por uma sociedade radicalmente democrática, sem um estado
censor e sem a censura de grupos organizados".
Ou
ainda:
"Publiquei um pronunciamento nos jornais em setembro de 2010 me opondo ao controle da mídia. E lá deixei claro que sou favorável à imprensa livre mesmo quando ela me agride. Enquanto vigorar o que eu penso, jornalista jamais será punido por delito de opinião ou correrá o risco de perder o registro profissional por pensar isso ou aquilo. Mas tenho visto por aí muitos falsos democratas, maléficos como os falsos profetas, falando em nome da liberdade para poder censurar a opinião alheia. Por cima dos evangélicos, eles não passarão".
"Publiquei um pronunciamento nos jornais em setembro de 2010 me opondo ao controle da mídia. E lá deixei claro que sou favorável à imprensa livre mesmo quando ela me agride. Enquanto vigorar o que eu penso, jornalista jamais será punido por delito de opinião ou correrá o risco de perder o registro profissional por pensar isso ou aquilo. Mas tenho visto por aí muitos falsos democratas, maléficos como os falsos profetas, falando em nome da liberdade para poder censurar a opinião alheia. Por cima dos evangélicos, eles não passarão".
Encerro
Há pessoas que lidam mal com a democracia. Acham que "liberdade" é apenas e tão-somente a liberdade daqueles que concordam. Eu me lembro, desde o longínquo 2009, quantas foram as vezes em que a fala de alguém como Barack Obama me incomodou profundamente. Por quê? Porque havia a indisfarçável demonização do contraditório em seu discurso, mas que era ignorada e até aplaudida. Apanhei que deu gosto! Até de leitores que costumam gostar do blog. Achavam que eu estava vendo coisas. Afinal, ele teria alcançado um lugar imune à contestação porque seria a expressão de um humanismo incontestável. Ora, vimos o governo deste senhor grampear jornalistas ilegalmente e mobilizar o Fisco para intimidar adversários.
Há pessoas que lidam mal com a democracia. Acham que "liberdade" é apenas e tão-somente a liberdade daqueles que concordam. Eu me lembro, desde o longínquo 2009, quantas foram as vezes em que a fala de alguém como Barack Obama me incomodou profundamente. Por quê? Porque havia a indisfarçável demonização do contraditório em seu discurso, mas que era ignorada e até aplaudida. Apanhei que deu gosto! Até de leitores que costumam gostar do blog. Achavam que eu estava vendo coisas. Afinal, ele teria alcançado um lugar imune à contestação porque seria a expressão de um humanismo incontestável. Ora, vimos o governo deste senhor grampear jornalistas ilegalmente e mobilizar o Fisco para intimidar adversários.
Confira
a alguém bondoso licenças que não estão previstas nos códigos legais regulados
pela democracia, e um anjo da tolerância se torna um déspota.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
DANIELA MERCURY NÃO TEM ESPOSA.
TEM MARIDA
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