Por Reinaldo Azevedo
Huuummm…
O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, que fez
acordo de delação premiada, vai depor na Justiça Eleitoral, no âmbito da ação
movida pelo PSDB. Os tucanos acusam a chapa encabeçada por Dilma Rousseff de
ter cometido abuso de poder político e econômico e ter usado recursos ilegais
da Petrobras.
Como se sabe, Pessoa diz ter doado R$ 7,5 milhões para a campanha
de Dilma em 2014 porque foi constrangido pelo agora ministro Edinho Silva
(Comunicação Social), que lhe teria lembrado os múltiplos contratos que
mantinha com a Petrobras. Uma doação, então, de R$ 10 milhões foi combinada,
mas só R$ 7,5 milhões foram pagos porque Pessoa acabou preso pela Operação
Java-Jato.
Esse depoimento estava marcado para julho. João Otávio de Noronha,
relator do caso no TSE, preferiu, no entanto, consultar o ministro Teori
Zavascki, do STF, sobre a conveniência do depoimento, já que a delação de
Pessoa estava sob sigilo - está ainda - e não tinha sido homologada. Agora, já
foi. E o ministro liberou Pessoa para depor como testemunha.
Pois é… O empresário não tem nenhuma razão para contar na Justiça
Eleitoral uma história diferente daquela contada à força-tarefa. Ele deve
dizer, com todas as letras, que sofreu, sei lá como chamar, uma espécie de
delicada extorsão. É bom lembrar que, caso a Justiça Eleitoral decida que houve
crime, a chapa que elegeu Dilma pode ser até cassada - e isso incluiria o vice,
Michel Temer.
O caminho da Justiça Eleitoral, no entanto, é lento. E é preciso
dizer tudo ao leitor para não alimentar expectativas que podem não se cumprir.
O PT declarou os R$ 7,5 milhões - vale dizer: a doação foi feita por dentro,
ainda que o empresário diga que foi pressionado e que o dinheiro tinha origem
no propinoduto. Se não houver outra prova além do testemunho - nunca se sabe -,
é pouco provável que esse depoimento possa resultar em algo mais grave para Dilma.
O caminho mais curto para a presidente eventualmente perder o mandato continua
a ser o impeachment.
Em presença
Nesta segunda, também veio a público outra parte da delação de Pessoa. Ele afirmou que Aloizio Mercadante, hoje ministro da Casa Civil, presenciou, em sua própria casa, o pedido feito para que a UTC doasse pelo menos R$ 250 mil em espécie para a sua campanha ao governo de São Paulo, em 2010. A solicitação teria sido feita por Emídio de Souza, hoje presidente do diretório estadual do PT. João Santana, presidente da Constran, outra empresa que pertence a Pessoa, também teria estado presente à reunião. Mercadante confirma o encontro em sua casa, mas nega que tenha havido o pedido. E diz que o total de R$ 500 mil doados pela UTC foram declarados à Justiça.
Nesta segunda, também veio a público outra parte da delação de Pessoa. Ele afirmou que Aloizio Mercadante, hoje ministro da Casa Civil, presenciou, em sua própria casa, o pedido feito para que a UTC doasse pelo menos R$ 250 mil em espécie para a sua campanha ao governo de São Paulo, em 2010. A solicitação teria sido feita por Emídio de Souza, hoje presidente do diretório estadual do PT. João Santana, presidente da Constran, outra empresa que pertence a Pessoa, também teria estado presente à reunião. Mercadante confirma o encontro em sua casa, mas nega que tenha havido o pedido. E diz que o total de R$ 500 mil doados pela UTC foram declarados à Justiça.
O empreiteiro afirmou ainda que, em 2010, doou R$ 500 mil à
campanha ao Senado de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), R$ 200 mil dos quais em
dinheiro, pelo caixa dois, o que teria sido feito a pedido do agora senador. O
encontro teria ocorrido no escritório político do tucano. Nunes nega ter
tratado de contribuição diretamente com Pessoa e diz que o depoimento é um
equívoco.
Para lembrar: a Procuradoria-Geral da República já solicitou a
abertura de inquérito para apurar as atuações de Edinho Silva, de Aloizio
Mercadante e de Aloysio Nunes Ferreira. O primeiro, a cargo de Teori Zavascki,
já foi autorizado. Os outros dois casos estão fora do chamado escândalo do
petrolão e têm Celso de Mello como relator.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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