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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Há 15 anos que 18 de setembro é o Dia da Cidade

Por Adilson Simas

Foi no dia 18 de setembro de 1833 que o presidente da Província da Bahia, Joaquim Pinheiro de Vasconcelos, criou o Arraial de Feira de Santana. Tomou a decisão autorizada pelo Governo Imperial que em 13 de novembro do ano anterior, determinou a criação de vilas em todo o país.
Por que o aniversário da cidade em 18 de setembro se até pouco tempo a comemoração acontecia em 16 de junho?
O dia 16 de junho lembra a Lei Provincial nº. 1320, que em 1873 levou a Vila à categoria de cidade, com o nome Comercial Cidade de Feira de Santana.
Em 1973 comemorou-se intensamente o centenário da data.
Começou no primeiro dia do ano com o prefeito Newton Falcão que findava o mandato.
E continuou com o prefeito José Falcão, tendo como ponto alto o dia 16 de junho. A partir de então 16 de junho passou a ser o Dia da Cidade.
Foi incorporado ao calendário de eventos da Câmara e da Prefeitura que nunca deixaram a data passar em branco,
Vários historiadores continuavam defendendo 18 de setembro como sendo o Dia da Cidade.
Entendiam que a emancipação da Feira aconteceu 40 anos antes, em 18 de setembro de 1833 e não em 16 de junho de 1873.
Entre os historiadores estava o monsenhor Renato de Andrade Galvão que não se cansava de pedir a mudança da data.
Convidado pela Câmara Municipal em 1979, para falar em 16 de junho sobre o Dia da Cidade, Galvão não perdeu a oportunidade.
Aproveitou a sessão solene e defendeu sua tese.
Segundo ele, quando a Lei de 16 de junho instituiu a Comercial Cidade de Feira de Santana, o Arraial de Feira de Santana já tinha status de cidade.
Tinha porque já existiam na vila vários serviços públicos.
A Câmara estava instalada há vários anos, escola funcionando tanto para crianças como adultos, existia a Cadeia Pública e a autoridade competente.
Citou também que até já existia um jornal, "O Feirense" mantendo informada a população da vila.
Essas e outras atividades davam ao Arraial de Feira de Santana o status de cidade.
Monsenhor Galvão encerrou sua palestra minimizando o 16 de junho, ao afirmar que o Decreto Provincial assinado naquela data foi recebido sem que a população comemorasse com efusividade.
Somente no último ano do século XX, em 2000, quando o monsenhor Renato Galvão já havia falecido, sua tese e de outros historiadores foi vitoriosa.
A Câmara oficializou o 18 de setembro como sendo o Dia da Cidade. Assim, nesta quinta-feira, a cidade comemora pela 14ª vez o 18 de setembro, chegando a 181 anos de existência.
São 181 anos crescendo e avançando. Quem visita Feira não se cansa de elogiar principalmente a maneira como suas vias públicas foram projetadas. Vias planas, largas e longas.
A beleza das vias da cidade começou ainda no século XIX.
O grande jurista feirense Filinto Bastos disse em memorável palestra sobre a cidade, proferida no Cine Santana, em 1917, que coube praticamente ao coronel João Pedreira de Cerqueira delinear e realizar o primeiro plano de embelezamento da cidade, fazendo surgir as primeiras grandes vias em razão das edificações que construía.
No começo do século XX, por volta de 1903, foi a vez do coronel intendente José Freire de Lima dotar as vias púbicas de novo tipo de pavimentação.
Da praça João Pedreira, por exemplo, desapareceram as chamadas pedras irregulares dando lugar ao primeiro calçamento a paralelepípedos.
Na metade dos anos 30 novo avanço, graças ao prefeito Heráclito Dias de Carvalho, expandindo a cidade em direção ao leste.
"Seo Lolô", como era conhecido, cortou terras da Fazenda Bagatela de Gilberto Costa e abriu aquela que seria nossa maior via pública. A avenida Getúlio Vargas, cuja expansão foi abraçada por quase todos os prefeitos seguintes.
Entre os últimos, João Durval, que pavimentou o trecho entre o Emec e a antiga avenida Anchieta. E Colbert Martins que completou a pavimentou até o Anel de Contorno.
No final dos anos 50, o prefeito Arnold Silva introduziu mais uma novidade nas vias ao adotar a pavimentação asfáltica, começando pela rua Castro Alves e vizinhança.
Nesse período já se destacava o engenheiro José Joaquim Lopes de Brito, preservando na abertura de novas ruas a visão pioneira de João Pedreira.
Nos anos 60 o crescimento acentuado motivou o prefeito Francisco Pinto a levar calçamento às ruas dos subúrbios, como se dizia na época. Sobradinho e Queimadinha foram os primeiros beneficiados.
No final dos anos 60 surgiria o Anel de Contorno, avenida Eduardo Fróes da Motta, como forma de desafogar o tráfego de veículos pesados no centro comercial.
Por crescer horizontalmente a cidade tem exigido dos governantes a aplicação de muitos recursos em pavimentação.
Nesse particular, além dos prefeitos já citados, a cidade também conhece grandes vias públicas pavimentadas e repavimentadas por todos os prefeitos, até o atual José Ronaldo de Carvalho.
Mesmo com a construção de grandes edifícios nos últimos anos, a cidade plana continua crescendo horizontalmente.
Para encerrar, extraído do livro "Vozes Derradeiras", o poema "Contemplação" de Antonio Lopes, o “Príncipe dos Poetas Feirenses”, sobre esta cidade de todos os nossos dias:
Você conhece, menina, Uma cidade encantada, Onde a luz cristalina, Fez-se dela enamorada?
É uma jóia peregrina, Vestinha de Alvorada... Você conhece, menina, Minha terra idolatrada?
Na intimidade é "Princesa"! Sua verde natureza, De olentes vergéis se ufana...
Minha terra, minha amiga, É uma suave cantiga... Ouça-a: Feira de Santana
Adilson Simas é jornalista e historiador

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