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terça-feira, 22 de setembro de 2015

"Com quem Dilma aprendeu a fazer política? Ou: Dilma, passe a governar ou entregue a rapadura"



Por Reinaldo Azevedo
Olhem aqui… Eu não sei onde Dilma Rousseff aprendeu a fazer política. Não! Eu vou reformular a minha frase: Dilma Rousseff nunca aprendeu a fazer política. Já identifiquei aqui as razões. Ela saltou da militância clandestina, depois das agruras da cadeia, para as hostes do brizolismo e, dali, para as do petismo.
Da concepção tirânica de poder das esquerdas, migrou para o caudilhismo, primeiro em sentido estrito e, depois, para o sindical. Nunca foi preciso negociar nada, ouvir, costurar, conversar, afirmar que quer "A" para, de fato, conquistar "B"… Não aprendeu a dizer "sins" que negam e "nãos" que consentem… Oh, meus caros! Há uma certa hipocrisia virtuosa na política. Ela também significa civilização, sabiam? Se o governante, por baixo de todo esse glacê, se ativer às leis - inclusive para mudá-las -, andará no caminho certo.
A hipocrisia a que refiro, bem entendido, serve para baixar a tensão.
Mas essa é a política como arte da conversação e da negociação. Não é assim que as esquerdas enxergam o mundo - mesmo que seja esse esquerdismo mixuruca do PT, que antes tinha pés de barro e agora tem o cérebro enrijecido pelo concreto armado. Na sua concepção de mundo, as vontades são impostas por quem pode impô-las, os inimigos são eliminados, e os adversários se rendem. A única coisa feia é perder.
Quando tudo vai bem, ótimo! Se é preciso administrar carências - e governar, convenham, no mais das vezes, é isso -, aí a coisa degringola. E tudo começa a sair da linha. A que me refiro?
O governo tenta adiar a todo custo sessão do Congresso desta terça que vai apreciar 32 vetos da presidente - entre as propostas aprovadas e que foram vetadas pela mandatária está aquela que garante reajuste médio de 56% aos servidores do Judiciário. Atenção! Para derrubar um veto presidencial, é preciso a maioria absoluta mais um dos votos de deputados (257) e senadores (42), em escrutínio agora aberto.
Sim, meus caros, é compreensível que o governo queira adiar a sessão. O que não dá para entender é que Dilma tenha reunido o presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), para anunciar que "o país fica ingovernável do ponto de vista fiscal" se seus vetos forem derrubados.
Atenção, sejamos claros: muito governável, hoje em dia, ele já não é, certo? E, de fato, a derrubada dos vetos poderia ser uma tragédia fiscal. Mas prestem atenção! Um presidente da República não diz coisas assim sob nenhuma hipótese. Um presidente da República não se entrega a esses desfrutes retóricos. Um presidente da República não ameaça o país com o caos. É por isso que dispõe de líderes na Câmara, no Senado, no Congresso. É por isso que tem coordenador político. É por isso que precisa manter uma interlocução com o Parlamento.
Tudo isso, meus caros, em suma, constitui a arte da política, matéria em que Dilma é muito ruim. Na verdade, ela não tem a mais remota noção do que isso significa e vai metendo os pés pelas mãos. Vejam a barafunda em que já se transformou a reforma ministerial, de que trato em outro post. Ou a confusão gerada pela recriação da CPMF.
Há um pouco mais: alguém que está acuado como Dilma não deve entregar assim a rapadura. Ora, se o país vai para o caos, como ela ameaça, então é certo que ela será também tragada pela voragem, Santo Deus! E hoje muita gente quer isso - dois terços dos brasileiros, pelo menos.
Olhem aqui: menos de um ano depois de reeleita e no nono mês do seu governo, Dilma não tem o direito de acenar com o caos para passar a pauta. Ou esta senhora começa a fazer política ou larga a rapadura.
Os brasileiros não podem ser reféns de sua incompetência específica.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

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