Por Reinaldo Azevedo
O PT está Perdido da Silva. Como naquela música,
não sabe o que dizer, o que calar, a quem querer. O troço é de tal sorte
estupefaciente que o partido declara o insucesso das vaias e do panelaço contra
Dilma quando, como é sabido, a adesão surpreendeu até os críticos mais
entusiasmados do governo. Não foi só o Planalto a se espantar. Nem a oposição
esperava.
Como demonstrei hoje de manhã aqui, os "companheiros" tentam pespegar pechas em quem protesta. Seriam os "ricos", das "áreas nobres". A turma sabe, no entanto, que está mentindo para os outros para
ver se consegue acreditar no que diz.
Alberto Cantalice, aquele grande pensador que é
vice-presidente do PT, voltou a tocar na tecla do golpe. É aquele rapaz que,
durante a Copa do Mundo, afirmou que o descontentamento com Dilma nas ruas era
coisa de um tal Reinaldo Azevedo e outras oito pessoas, entre jornalistas e
comunicadores. Na sua lista negra, estavam Guilherme Fiuza, Augusto Nunes,
Lobão, Marcelo Madureira, Diogo Mainardi, Demétrio Magnoli, Arnaldo Jobor e
Danilo Gentili. Se um dia o sr. Cantalice der as cartas no país, a gente já
sabe como ele pretende melhorá-lo.
Pois bem: este senhor veio a público para dizer que
setores da elite estariam empenhados em dar um golpe. Ele não disse como
pretendemos fazer isso. Talvez abrindo as comportas de um depósito secreto de
Moët & Chandon que temos em Brasília. A ideia é afogar a cúpula do
governo federal em champanhe. Parece que Lula exige Romanée-Conti. Outra ideia
que conta com muitos adeptos é empanturrar Dilma com caviar e foie gras, para
pôr um fim à tal dieta Ravenna. É a aposta no chamado choque metabólico das
elites.
E há os extremistas de direita de sempre, que
pretendem sair às ruas armados de gramáticas, dicionários e manuais de
aritmética. Os setores lúcidos da sociedade ponderam, no entanto, que ainda não
é hora da luta armada. Calma, camaradas! Como se dizia antigamente, ainda
estamos na fase do acirramento das contradições e do acúmulo de forças. De
resto, somos favoráveis, em princípio, à luta pacífica. Temos é de ocupar as
praças protestando contra a vírgula entre o sujeito e seu verbo.
Golpe se dá com urnas ou com tanques. De qualquer
sorte, os tanques são sempre necessários - quando menos, para garantir a fraude
das urnas, como ocorreu na Venezuela. Cantalice não disse como se faria no
Brasil, daí eu estar aqui a imaginar coisas.
O homem sugeriu ainda que partidos de oposição
estariam financiando as manifestações - que ainda nem ocorreram! Bem, que se
saiba, veem com simpatia o protesto, mas não estão no comando. Cabe, no
entanto, uma pergunta: E SE ESTIVESSEM? SERIA CRIME? E SE ESTIVESSEM, SERIA
ILEGAL? E SE ESTIVESSEM, SERIA SUBVERSÃO?
Cantalice, o homem que gosta de fazer listas
negras, já leu a Constituição? Conhece as leis? Sabe que, vetado o anonimato,
toda mulher e todo homem são livres para se manifestar, inclusive para pedir a
queda do governo, mesmo que ele conte com 99,99% de aprovação?
O PT está é com medo. Perdeu as ruas para os fatos
e para o povo sem a carteirinha do partido.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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