Feira de Santana tem boas opções de lazer gastronômico,
histórico,
de compras e até espacial
Por Victor Villarpando (victor.villarpando@redebahia.com.br)
Como bom soteropolitano, sempre olhei
Feira de Santana com desconfiança. Sabe aquela tiração de onda entre as duas
maiores cidades de determinado lugar? Rola também entre Rio e São Paulo (em
nível de Brasil), Madri e Barcelona (Espanha), Paris e Marselha (França),
Lisboa e Porto (Portugal)... Pois é. Da primeira vez que fui à Princesa do
Sertão, só conseguia chamar a segunda maior cidade do estado de "Feia de
Santana". Amigos feirenses convictos defendiam sua terra, eu esculhambava
e tudo terminava em gargalhadas.
Anos depois, refletindo sobre uma
viagem de bate e volta em um dia, pensei: por que não dar uma chance à vizinha?
Com a fotógrafa Angeluci Figueiredo e o motorista Luís Oliveira, peguei a BR
324. No caminho havia dois pedágios (R$ 1,90 cada).
Ao chegar em Feira, três constatações:
o calor e a falta de placas continuavam lá. Mas havia também uma série de
coisas bonitas para ver e verdadeiras iguarias para saborear. Confira o que
mais nos impressionou.
Se resolver se jogar sem carro, da
rodoviária, as viações Águia Branca e Regional têm ônibus que saem entre 3h50 e
22h. O trajeto dura 1h30 e a passagem custa entre R$ 18,93 (convencional) e R$
25,51 (executivo). O voo comercial foi cancelado.
Casarão Fróes da Motta
A capela tem desenhos em estilo
gótico nas paredes e no teto, além de lustre de cristal (Foto: Divulgação)
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O Casarão Fróes da Motta tem piso todo trabalhado e vidros que contam histórias (Foto: Angeluci Figueiredo)
Embora o palacete de estilo neoclássico
chame a atenção de quem passa pelas ruas General Câmara e São José, no centro
da cidade, o que impressiona mesmo é seu interior. Com chão, teto e paredes que
são verdadeiras obras de arte, cada um dos 12 cômodos tem uma inspiração
artística. Só para você entender a miscelânea, o salão Nobre é no estilo Luis
XV, a sala de jantar é toda trabalhada na renascença francesa e a capela tem
visual gótico.
Cerca de 20 anos depois, Agostinho morreu e o filho Eduardo herdou o
casarão. Quase um século depois, toda essa belezura quase foi ao chão para dar
lugar - pasme - a um estacionamento. Parte da propriedade (os chalés dos
hóspedes) chegou a ser derrubada e virou vaga de carro.
Visto de fora, o palacete se destaca do cenário urbano do restante do
centro da cidade
Em 1999, o imóvel foi comprado pela
Fundação Senhor dos Passos, que o restaurou e reabriu em 2008.
"Nosso maior público é de estudantes, cujos professores marcam excursões.
Também acontecem festas de casamento nos fins de semana. Mas qualquer pessoa
pode ligar e agendar visitas", afirma a turismóloga Graça Alves, que
coordena as atividades na mansão. Além da casa em si é possível assistir a
vídeos sobre a história de Feira de Santana. E o melhor: de graça.
VAI LÁ - Casarão Fróes da Motta, Rua Telefone: 75 3614-0022.
Café Maria Antônia
Café Maria Antônia
Quem vai de carro, saindo de Salvador, encontra no caminho a primeira
parada: o Café Maria Antônia. Cheio de objetos retrô, o visual impressiona. Mas
ao entrar na casa, não dá para ignorar a mesa de comida. Ou melhor, as mesas.
Tem uma de bolos e doces, outra de frutas, uma de comidas pesadas, uma
bancada de pães e outra com bebidas como sucos, mingaus, leite e café, cujo
grão vem de Cachoeira, no Recôncavo. O local funciona de segunda a sábado, das
6h às 14h30 e o quilo custa R$ 46.
VAI LÁ - Café Maria Antônia, BR 324, Km 43, Sentido Salvador-Feira. Telefone: 71
3121-3535.
Cantinho do Bode Feira VI
Há cerca de 20 anos, Antônio Carlos Souza Teixeira, o Neném, assumiu o
restaurante especializado em bode que o cunhado tinha no bairro do Feira VI.
Ele incrementou as receitas com um molho de vinho e azeite e a carne, que já
vinha de Riachão do Jacuípe sem ranço, ganhou sabor e maciez extra.
"A gente trata todinha, tira pele, gordura... E pincela a mistura
enquanto assa", explica o empresário. Tanta dedicação conquistou até Ivete
Sangalo. Apresentada a Neném pelo primo Kleber, a cantora virou fã. "Fiz
churrasco para ela duas vezes. E quando veio fazer show na cidade, Ivete pediu
para que eu preparasse a carne dentro do camarim. Como não deu, fiz aqui e
mandei as quentinhas", conta Neném, que só na unidade do Cantinho do Bode
no Feira VI vende cerca de 250 quilos da iguaria por semana. E ele ainda tem uma
filial na Avenida Maria Quitéria.
Uma porção do bichinho assado, acompanhado de arroz, feijão tropeiro,
farofa d’água e vinagrete custa R$ 46 e serve três pessoas. Uma jarra grande de
suco da fruta sai a R$ 4,50 e a cerveja, por R$ 5. Aceita débito e crédito e
funciona todos os dias, das 11h às 19h.
VAI LÁ - Cantinho do Bode, Conjunto Feira 6, caminho 20, casa 16. Telefone:
75 3224-0376.
Villa Container
Autointitulado o primeiro centro comercial construído com containers
marítmos no Brasil, o Villa Container abriga 14 lojas. Segundo o proprietário,
Pabliano Cardoso, tudo de acordo com princípios de sustentabilidade.
"Nosso conceito é de um shopping verde. A própria estrutura foi
reutilizada, reaproveitamos água, temos consumo reduzido de energia, descarte
seletivo de lixo e fossa ecológica", explica o empresário.
Entre bar, café, acessórios, salão de beleza, butique de carnes,
temakeria, lojas de moda masculina, feminina e infantil, destaque para
descolada Unique. A marca local tem opções para homens e mulheres. A decoração,
com vergalhões de ferro, molduras douradas, placas de trânsito e instrumentos
musicais também impressiona.
VAI LÁ - Villa Container, Avenida Maria Quitéria, 2011, Ponto Central
Observatório Astronômico Antares
Onde mais é possível ver o meteorito do Bendegó, o misterioso monumento
inglês de Stonehenge, o foguete Saturno 5 e dinossauros? Se nenhuma dessas
réplicas te impressiona, que tal observar estrelas de perto, caminhar na Lua e
viver a experiência da ausência de gravidade? Tudo isso é possível em Antares,
quase uma Disneylândia do Sertão.
No jardim há dez dinossauros e três mamíferos gigantes brasileiros
(mamute, preguiça e tigre) em tamanho real. Do outro lado, uma maquete em
escala 1:10 do misterioso Stonehenge inglês e dois gyrotecs (ou loconautas),
aparelhos que simulam a ausência de gravidade no treinamento de astronautas.
Uma casinha estreita promete a sensação de caminhar na Lua, através de um
capacete com jogo de espelhos e muita espuma.
No prédio, uma réplica em tamanho real do meteorito do Bendegó e um
pequeno museu com esqueletos e animais taxidermizados dos quatro biomas do
estado. No andar de cima, um telescópio pode ser usado por grupos de até 15
pessoas nas noites de terça e quinta. Basta ligar no dia para marcar. "Não
dá para agendar com mais antecedência por conta das condições do céu",
explica a bióloga Carolina Lima. Aliás, o clima favorável foi motivo para a
escolha de Feira. "Há 43 anos havia ainda menos luzes urbanas e a vista
era melhor", conta Carolina.
O complexo funciona de segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das
14 às 17h e a entrada é grátis. Pena que Stonehenge perde um pouco da magia com
tanta peça danificada. E a ausência de um ar-condicionado não combina com a
experiência lunar.
VAI LÁ - Observatório Astronômico de Antares, Rua Barra, 925. Telefone 75
3624-1921.
Aqui e Acolá
Só de ver a casa, que se destaca numa zona residencial, dá para sentir
que se trata de algo especial. Na varanda, as paredes vermelhíssimas contrastam
com os guarda-chuvas, galhos secos e lustres de ferro que pendem do teto. No
interior da casa, os lustres são garrafas de vinho cortadas. Tudo começou em
1991, quando Julian Faria e Luciano Vilas Boas se conheceram e resolveram
vender lanches naturais nas praias de Salvador. "Aí, botamos uma barraca
de lanches em Feira. Dois anos depois, abrimos o restaurante", conta
Julian.
Se no começo eram apenas oito mesas, hoje a casa tem capacidade para 200
pessoas. No menu, o filé à parmegiana com nhoque (R$ 69, para três) e a cozinha
de frango com catupiry (R$ 5,50) se destacam. As pizzas, que têm sabores como
kani, tomate seco com gorgonzola e bacalhau, vêm em oito fatias e custam entre
R$ 47 e R$ 50. Funciona todos os dias, de 17h às 23h.
VAI LÁ - Restaurante Aqui e Acolá, Rua K, Conjunto Milton Gomes, 46,
Queimadinha. Telefone: 75 3221-7152.
Fonte: "Correio", edição de domingo, 1 de março
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