Por Reinaldo Azevedo
Ah,
como esquecer os brucutus do PT e da CUT nas ruas contra as privatizações de
estatais, que teriam sido vendidas "a preço de banana", o que sempre foi uma
mentira escandalosa? Como esquecer as campanhas eleitorais de 2002, 2006 e
2010, quando a petezada acusava os tucanos, outra mentira suja, de querer
privatizar a Petrobras? Na primeira campanha eleitoral de Dilma, José Sérgio
Gabrielli, este monumento moral, concedeu uma entrevista à Folha em que
assegurava que FHC tentara, sim, a privatização. Nunca aconteceu! Eis que,
agora, os companheiros anunciam que vão abrir mão de ativos da Petrobras no
valor de US$ 13,7 bilhões - R$ 39 bilhões pela atual cotação.
É
claro que recorro aqui a uma licença. É claro que sei a diferença entre venda
de ativos e venda de uma parte das ações. A diferença é de natureza jurídica,
não é de essência. Mas, numa coisa, tem-se algo de essencialmente distinto: os
petistas estão tendo de abrir mão de parte da Petrobras porque conduziram a
empresa à lona, ao caos, à falência técnica. Só não se pode dizer que a empresa
está quebrada porque o fundo de uma estatal é sempre um… buraco sem fundo.
Sim,
caros, a venda dos ativos se dará na bacia das almas. Agora, sim, os ativos
serão passados adiante pelo preço de banana. A razão é simples: o vendedor que
está com a corda no pescoço tem menos poder de negociação. E essa é,
precisamente, a situação da Petrobras.
A
gestão Graça Foster previa livrar-se de US$ 3 bilhões em ativos. Depois que a
Moody's deu um tombo no rating da Petrobras, passando para o segundo nível do
grau especulativo, a empresa deu adeus às captações no exterior. Em comunicado
à Comissão de Valores Mobiliários, a estatal anunciou que 40% desses ativos
pertencem à área de Gás e Energia; 30%, à de Exploração e Produção, e 30%, à de
Abastecimento. Excetuando-se esse último grupo, conclui-se, então, que 70% dos
ativos dos quais a Petrobras abrirá mão vêm de suas duas principais
atividades-fim. É a confissão de um desastre.
O
objetivo do "desinvestimento", conforme está no comunicado da
empresa, "visa à redução da alavancagem, preservação do caixa e concentração
nos investimentos prioritários, notadamente de produção de óleo & gás no
Brasil em áreas de elevada produtividade e retorno." Ou por outra: a Petrobras
precisa cuidar do seu caixa e reduzir a sua estúpida dívida, hoje de quase R$
262 bilhões.
Segundo
apurou O Globo, a Petrobras pretende "vender campos de petróleo no pós-sal da
Bacia de Campos, áreas maduras com produção em terra, participações em blocos
no exterior e algumas plataformas de petróleo. Na lista, destacou uma fonte,
está ainda a venda de parte das atividades na Argentina, onde a estatal tem
diversos ativos, como campos de petróleo e postos de gasolina. A empresa, disse
outra fonte, ainda pretende se desfazer da refinaria de Okinawa, no Japão, e de
pequenas centrais hidrelétricas."
Pois
é, leitor amigo! Agora coloque nessa equação o modelo que foi aprovado para a
exploração do pré-sal, que obriga a Petrobras a ser parceira da exploração,
arcando com 30% dos investimentos necessários. Uma exploração que, dado o preço
do barril do petróleo - que despencou para não mais subir - já é antieconômica.
Fabio
Rhein, professor de finanças corporativas do Ibmec-RJ, antevê em entrevista ao
Globo: "A empresa vai ter dificuldade para vender seus ativos no momento atual,
pois atravessa uma fase de falta de credibilidade. Mesmo que consiga, vai
vender os ativos abaixo do preço, e isso vai prejudicar seu fluxo de caixa".
Parte
da Petrobras foi, digamos assim, privatizada pelos ladrões. Outra parte, agora,
vai para o ralo para tapar os buracos provocados pelos larápios e pelos
incompetentes. Os companheiros conseguiram. Agora, com efeito, a gente pode
dizer: nunca antes na história deste país se viu privatização assim. O
lulo-petismo, de fato, está fazendo algo inédito.
A
propósito: os brucutus do PT e da CUT ficarão calados desta vez? Eu, convenham,
não tenho por que protestar. Já tracei o meu plano para a Petrobras. Anunciaria
a privatização de toda a empresa em 2017. As ações disparariam. Em vez da
privatização petista a preço de banana, teríamos uma a peso de ouro. Mas isso é
sensato demais para ser feito pelos companheiros, né?
Às
ruas, brucutus!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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