Por Reinaldo Azevedo
Em entrevista ao programa "Os Pingos nos Is", que ancoro na rádio
Jovem Pan, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, afirmou que o "petrolão" já não depende mais da boa ou da má vontade deste ou daquele para
conduzir a investigação. Segundo disse, e é verdade, a coisa ganhou vida
própria. Querem a melhor prova? A Petrobras informou nesta quinta que não vai
divulgar seu balanço do terceiro trimestre até sexta à noite, prazo determinado
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). E vai fazê-lo quando? Não há data.
Em comunicado enviado à CVM, a estatal disse que "não está pronta para divulgar
as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta
data".
E por que não? A razão é, a um só tempo, muito simples e muito
complicada: a auditoria PriceWaterhouseCoopers não vai assinar nenhuma
demonstração contábil da Petrobras até que a estatal ponha um ponto final nas
investigações internas que apuram denúncias de corrupção. Pois é… A espiral de
desastres em que mergulha a empresa parece não ter fim. Convenham: "eles"
conseguiram gerar uma crise inédita na estatal.
E que se note: que motivos tem a Price para acreditar nas "investigações internas" da Petrobras? Não custa lembrar que, em fevereiro, a
VEJA denunciou que a empresa holandesa SMB havia pagado propina a funcionários
e intermediários da empresa para firmar alguns contratos. Em março, a direção
da Petrobras anunciou que a sua investigação interna não havia constatado
nenhuma irregularidade. Nesta quarta, o Ministério Público da Holanda anunciou
que a SMB foi multada em US$ 240 milhões em razão de propinas pagas mundo
afora, inclusive no… Brasil! Eis a qualidade da "investigação" da Petrobras.
E quando a Petrobras vai divulgar os dados? "O mais breve
possível", mas sem o aval dos auditores externos. Dados divulgados desse modo
não têm credibilidade nenhuma. Como informa a VEJA.com, "o receio da Price, que
faz parte do grupo conhecido por 'Big 4', composto pelas maiores auditorias do
mundo, ao lado da Deloitte, da KPMG e da Ernst Young, é repetir no Brasil o
escândalo da Arthur Andersen. A auditoria americana quebrou depois que foi
envolvida no escândalo de fraude da petroleira Enron, em 2002."
A irresponsabilidade, a roubalheira e a manipulação política estão
quebrando a Petrobras. Eles conseguiram! Como disse Aécio, o escândalo ganhou
vida própria. Tivesse Dilma sido derrotada nas urnas, haveria uma esperança.
Mas ela venceu. Resta patente que Graça Foster também perdeu o pé da crise e já
não é a solução. Eis a maior empresa brasileira! Como esquecer que o PT venceu
pelo menos três eleições - 2002, 2006 e 2010 - brandindo o fantasma da "privatização da Petrobras", intenção que os tucanos nunca tiveram? E já se
preparava para fazer o mesmo em 2014, mas aí veio à luz a operação Lava Jato.
Não! O PSDB nunca quis privatizar a Petrobras. Mas assistimos agora às
consequências nefastas da "privatização" empreendida pelo PT. A maior estatal do
país foi apropriada por um partido. E está na lama.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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