Por
Reinaldo Azevedo
Vamos ver. Até ontem, estava na esfera da pantomima. E ainda com a
arrogância costumeira. Vamos ver. O Conselho da Petrobras deu autorização para
a empresa aumentar os combustíveis. Graça Foster, presidente da estatal, chegou
a falar em 8%, mas se comenta que o majoração, quando vier, deva ficar em 5%.
Quando? Bem, já deveria ter ocorrido há muito tempo. A rigor, a correção
deveria ter sido feita ao longo dos anos. Não foi.
O governo petista usou a Petrobras para fazer política econômica
rasteira e evitar um aumento da inflação - que estava alta por outros fatores.
Assim, vendeu combustível aqui dentro a um preço inferior ao custo de
importação - sim, uma parte é importada; a autossuficiência brasileira foi mais
uma das bravatas de Lula. A dívida da Petrobras, em cinco anos, saltou de R$
71,5 bilhões (2009) para R$ 241,3 bilhões. Pelos menos R$ 60 bilhões desse
valor se devem à defasagem do preço nos combustíveis.
Ocorre que, agora, o preço do barril do petróleo caiu, de US$ 100
para US$ 85, e as perdas deixaram de acontecer. Mas sobrou a dívida, que
precisa de uma resposta. O que fazer?
Nesta terça, não se decidiu nada. Ouvida depois da reunião, Graça
Foster, com a simpatia costumeira, sentenciou: "Aumento não se divulga, se
pratica". Ah, bom! É o velho ranço autoritário de achar que as pessoas que
serão atingidas por decisões da burocracia não têm por que ser informadas.
Então. Imaginem lá uma distribuidora indo encher seus caminhões e ouvir: "Olhe,
está mais caro; sabem como é… Eles aumentam, não divulgam…" Essa gente perdeu a
noção e o eixo.
Mas qual é o busílis? Medo das ruas! É claro que não haverá
comoção social nenhuma. É que tudo está muito perto das urnas, não é? Aqui e
ali noto um sentimento de desalento até em eleitores de Dilma. Resta aquela
sensação de que, com uma semana mais até o segundo turno, ela não teria
conseguido o segundo mandato.
Os estelionatos vão se acumulando. Já houve o dos juros, o da
energia elétrica, e está prestes a acontecer o dos combustíveis. Notem que nem
entro no mérito se era ou não necessário elevar os juros; se era ou não
necessário elevar a tarifa de energia; se é ou não necessário elevar o preço
dos combustíveis.
O que sei, e todos sabem, é que Dilma atribuía todas essas
intenções a seu adversário, Aécio Neves. No fundo, ela sabia que algumas
medidas eram mesmo necessárias. Dizia que o tucano as tomaria porque as
considerava inexoráveis. Em certo sentido, é até melhor que seja ela a arcar
com a herança maldita de seu mandato.
Mas que será mais um estelionato, ah, isso será… E os apagões
ainda nem estão na conta. Logo, ela fará um colar de estelionatos, para
combinar com seus casaquinhos vermelhos.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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