Por Thiago Cortês
A Lei da Palmada
pouca ou nada tem a ver com palmadas. Ou com os direitos das crianças. Ou com
educar pais estúpidos. Ou com a paquita velha Xuxa. Ou com o menino Bernardo.
Ela tem mais a ver
com a heresia dos que pretendem substituir Deus pelo Estado, nossa consciência
pela legislação, nossas referências morais por burocratas arrogantes.
Somos humilhados,
subestimados, roubados, vilipendiados, reduzidos a pagadores de impostos,
tratados como bestas de cargas e idiotizados, dia após dia, por um Estado que
pretende ser nosso pai, nossa mãe, nossa religião e, no limite, "nosso" deus.
A Lei da Palmada é
mais um instrumento nas mãos daqueles que desejam bisbilhotar nossa
privacidade, controlar nossas famílias, "corrigir" nossos hábitos e destruir a
confiança que temos na nossa bússola moral interior que nos foi concedida pelo
próprio Deus.
Querem substituir
nossa bússola moral pelas leis dos homenzinhos que sonham com um Estado
babélico que atinja as esferas divinas, impondo-se como Guia Moral Absoluto.
Aliados
Os babélicos de
Brasília estão construindo, lei após lei, mentira depois de mentira, tragédia
em cima de tragédia, o seu gigantesco Estado babélico. Uma vez que ele esteja
erguido, qual um Guia Moral Absoluto, nenhum reles mortal aqui embaixo achará
errado ou contraditório que a proibição das palmadas venha acompanhada da
legalização do aborto.
Mas que ninguém se
engane! O Estado babélico é obra feita em parceria. Nos momentos em que alguns
cristãos, aqui embaixo, ameaçam derrubar o ídolo dos babélicos, ocorre uma
rápida e engenhosa operação de apaziguamento por parte da Bancada Evangélica.
Os membros da Bancada
Evangélica passam o tempo inteiro esbravejando contra o ídolo em construção,
ganhando apoio da multidão aqui embaixo, mas nos momentos cruciais, quando há
uma fagulha de resistência, reagem como exemplares agentes de pacificação.
Quando um deputado
resolveu questionar no Congresso a hipocrisia dos defensores do Estado
babélico, em sua maioria defensores do assassinato de bebês, e o marketing
vulgar da paquita chorosa, os demais membros da Bancada Evangélica o
repreenderam, cassaram sua voz e expulsaram do recinto sua moralidade cristã "incorreta" em favor decoro dos imorais.
Radical expulso, os
babélicos rodearam a alma pornográfica que desfilou lágrimas televisivas, em
puro êxtase demagógico. É sempre um espetáculo, a hipocrisia líquida.
Os membros da Bancada
Evangélica passam quatro anos esperneando contra a idolatria do Estado. Mas no
ano em que tudo pode mudar eles resolvem fechar acordos com os babélicos.
Tiram fotos com
líderes babélicos, discursam e choram em favor deles e sua idolatria.
Os deputados
evangélicos anestesiam a multidão de cristãos com garantias de que os idolatras
em Brasília são sensíveis à lei moral de Deus e que eles até oram, lá de cima,
como os cristãos aqui embaixo, o que seria uma prova de que no fundo também são
cristãos.
Fomos derrotados
pelos idolatras - mais uma vez. Mas eles tiveram a ajuda fundamental de
deputados evangélicos - mais uma vez. Os idolatras não poderiam ter aliados
melhores.
Da próxima você que
você olhar para o horizonte tente imaginar o tamanho que o abominável ídolo já
ganhou. A sua herética altura agora só poderá ser contida pelo próprio Deus.
Pense nos idólatras
invadindo nossos lares para educar nossos filhos sobre a superioridade da
ideologia babélica. Imagine isso e reflita: pra que serve a Bancada Evangélica?
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