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terça-feira, 27 de maio de 2014

"A guerra civil não-declarada"



Por Reinaldo Azevedo
Vergonha! Em 2012, houve 56.337 homicídios no Brasil. Não há guerra civil no mundo que mate tanto. Ou melhor: há! A guerra civil não declarada do Brasil.
A taxa de mortos chegou a 29 por 100 mil habitantes. Na Alemanha, é de 0,9. Mata-se no Brasil 60 vezes mais.
Segundo a ONU, na América Latina e Caribe, com população estimada em 600 milhões, são assassinadas 100 mil pessoas por ano. Com pouco menos de um terço dos habitantes, o Brasil responde por mais da metade dos cadáveres. Esse é um país real demais para produtivistas, administrativistas e nefelibatas. A campanha eleitoral já está aí. Quem terá a coragem de pôr o guizo no pescoço do gato?
Qual é o nome? Impunidade. Mais uma vez, os dados desmoralizam os preconceitos de boa parte da sociologia da pobreza. Tenta-se, de forma estúpida e preconceituosa, ligar a pobreza à violência. Mentira! O Brasil cresceu, em anos recentes, a taxas consideráveis. E a violência aumentou.
Quando saírem os dados por estado, vocês verão que a violência explodiu no Nordeste, e, no entanto, a região cresceu a uma taxa superior a de estados do Sul e sudeste. O que faz aumentar a violência não é a carência, a miséria material. O que faz aumentar a brutalidade é a certeza da impunidade.
Mais: os poetastros da segurança pública apostaram que o tal Estatuto do Desarmamento faria milagres. Tentaram até proibir a venda de armas legais. Ora, a arma não mão de um homem de bem, comprada legalmente, representa baixo risco. A questão é saber quem vai tirar o berro da mão do bandido.
Ainda voltaremos ao assunto. Há muito tempo, a questão dos homicídios no Brasil é um tema que requer uma ação do governo federal, que é omisso a respeito. O país nem mesmo conseguiu unificar um sistema de dados de todos os estados.
Insista-se: sozinho, o Brasil responde por quase 60% dos assassinatos da América Latina e Caribe, embora tenha apenas um terço da população.
Existe uma guerra civil não declarada no país real, que não costuma aparecer no discurso dos políticos.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"



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