Por Reinaldo Azevedo
Sempre
que príncipes do pensamento - e da gramática! - como Emir Sader saúdam o
caráter "progressista" do PT, eu e ele pomos a mão na carteira, por
motivos diferentes.
O petismo,
obviamente, não é e nunca foi, digamos, "progressista". A turma é
autoritária, aí sim, e isso, obviamente, é outra coisa. O petismo é hoje
um meio de vida. A turma se apoderou do estado e não quer largar o osso
de jeito nenhum. E aí vale tudo.
E, se vale
tudo, vale também uma aliança com Paulo Maluf não apenas por motivos
pragmáticos. Ao contrário. Eles têm é orgulho mesmo. O petismo é a
profissionalização do malufismo. O petismo é malufismo transformado num
sistema. O petismo é o malufismo pós-romântico, entendem? O malufismo
ainda era aquela coisa que dependia do talento individual para certas
práticas, como Butch Cassidy e Sundance Kid. Notem: há uma certa
inocência perversa em Maluf, como alguém que não consegue fugir à sua
natureza. O PT é a racionalização da voracidade malufista.
A foto em
que Lula e Fernando Haddad posam - Emir Sader escreveria "pousam" - ao
lado de Paulo Maluf nos Jardins da Babilônia da mansão do notório
político já fez história. Alexandre Padilha deve achar que o chefão do
PP em São Paulo é uma espécie de talismã. E foi também ele em busca da
sorte. Vejam as duas imagens, publicadas pela Folha.
É isso aí.
Em 2010, Marilena Chaui tentou explicar a aliança do PT com Maluf.
Segundo essa grande pensadora, Maluf não é de direita porque "sempre se
apresentou como engenheiro". Para Marilena, quando o sujeito é
engenheiro, não é de direita; quando é de direita, não é engenheiro.
Entenderam onde foi parar o petismo? Dá pra descer mais? Sempre dá.
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