Por Reinaldo Azevedo
A presidente Dilma Rousseff segue sendo a franca favorita no
pleito de 2014, ao menos nas condições de hoje, segundo informam os institutos
de pesquisa. Mas a instabilidade está no ar, e o PMDB pode dar muita dor de
cabeça. Nesta terça de Carnaval, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder
inconteste do seu partido na Câmara, rasgou a fantasia e chamou para o
confronto o deputado estadual Rui Falcão (SP), presidente do PT. Segundo
informa Gabriela Guerreiro, na Folha, chegou a defender o rompimento da
aliança nacional do PT com o PMDB.
Há alguma chance de isso acontecer, leitor? Resposta: nenhuma!
Michel Temer, vice-presidente da República, é do PMDB e deve ser, de novo,
parceiro na chapa de Dilma. Uma coisa, no entanto, é certa: desta vez, os
peemedebistas de Pernambuco e do Rio Grande do Sul não serão os únicos
rebeldes.
"A cada dia que passa, me convenço mais que temos de repensar está
aliança, porque não somos respeitados pelo PT", escreveu Cunha em seu perfil no
Twitter. Ele reagia a declarações atribuídas a Falcão, que, ao visitar o
sambódromo, no domingo, teria dito que o grupo de Cunha está descontente porque
Dilma se recusou a lhes dar um ministério. Na entrevista à Folha, o líder
peemedebista afirmou, referindo-se ao presidente do PT: "Não preciso xingá-lo
como fizeram outras lideranças do PMDB porque não sou igual a ele. Mas, por
onde passa o Rui Falcão, mais difícil fica a aliança".
A bancada do PMDB na Câmara decidiu declarar independência nas
votações da Casa, e Cunha, pessoalmente, articulou o chamado "blocão", uma
união de partido da base que reúne, além do PMDB, PP, PR, PTB, PDT, PSC e Pros.
Também está no grupo uma legenda que já declarou apoio a Aécio Neves: o
Solidariedade. Caso realmente votem em conjunto, somam-se aí 250 dos 513
deputados da Câmara. O grupo ameaça, por exemplo, apoiar uma CPI da Petrobras.
Cunha é do Rio de Janeiro, estado em que a tensão entre PT e PMDB
se eleva a cada dia. Os petistas deixaram o governo Sérgio Cabral e vão lançar
o senador Lindbergh Farias para o governo do Estado.
O PT e o PMDB fecharam alianças regionais, até agora, em nove
estados: Amazônia, Rondônia, Pará, Tocantins, Distrito Federal, Rio Grande do
Norte, Alagoas, Sergipe e Santa Catarina. Juntas, essas unidades da federação
reúnem 21,7 milhões de eleitores, ou 15,43% do total. Serão, com certeza,
adversários em 11 estados: Acre, Roraima, Piauí, Pernambuco, Bahia, Minas, Mato
Grosso do Sul, São Paulo, Rio, Paraná e Rio Grande do Sul, o que corresponde a
95,9 milhões de eleitores - ou 68,21% do total. Em sete estados, não há
definição, a saber: Amapá, Maranhão, Paraíba, Ceará, Mato Grosso, Goiás e
Espírito Santo: são 23 milhões de eleitores, ou 16,36% do total. Ainda que os
dois partidos se unissem em todos os estados em que hoje há indefinição, não se
chegaria nem à metade do eleitorado daqueles em que estarão separados: 95,9
milhões contra 44,7 milhões.
O problema para Dilma, evidentemente, não está no risco de
rompimento formal do PMDB com o PT, mas na possibilidade de o partido passar a
flertar com o tucano Aécio Neves em vários estados.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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