Por Reinaldo Azevedo
A presidente Dilma Rousseff deu início à reforma
ministerial que consolidará o apoio partidário ao projeto da reeleição, mas,
por enquanto, mexeu apenas em postos do PT, deixando em aberto a substituição
dos ministros dos partidos aliados que disputarão as eleições. Foram
oficializadas nesta quinta-feira mudanças na Casa Civil, na Educação e na
Saúde. Dilma também fará mudança na Secretaria de Comunicação Social (Secom)
para dar uma postura mais agressiva ao setor no ano eleitoral, como defende o
PT. Essa troca não estava prevista para este momento, mas a ministra Helena
Chagas, surpreendida pelo vazamento da notícia, entregou a carta de demissão
nesta quinta-feira à tarde. Sua saída foi motivada por pressões do PT e, mais
recentemente, pelo desgaste da falta de transparência com a agenda da
presidente Dilma na polêmica "escala técnica" da comitiva presidencial em
Lisboa, sábado passado.
O porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, vai
substituir Helena, mas a oficialização dessa mudança só deve ocorrer nesta
sexta-feira. A avaliação é que Traumann tem perfil mais agressivo e mais
afinado com o ex-ministro Franklin Martins, que vai coordenar a área de
comunicação da campanha de Dilma. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
que já estava trabalhando no Planalto, foi confirmado na Casa Civil, no lugar
de Gleisi Hoffmann. Pré-candidata ao governo do Paraná, Gleisi reassumirá sua
vaga no Senado. O secretário executivo do MEC, José Henrique Paim, será o
substituto de Mercadante. O secretário de Saúde de São Bernardo do Campo,
Arthur Chioro, assumirá a vaga de Alexandre Padilha, que deixará a Esplanada
para disputar o governo de SP.
A manhã no Planalto começou agitada. Helena foi
surpreendida com a informação de sua saída do governo, publicada na edição
desta quinta-feira do jornal "Folha de S. Paulo", e ligou para a presidente.
Tão logo chegou ao Planalto, Dilma chamou Helena ao seu gabinete e negou que
tenha autorizado o vazamento da decisão. Pediu que a ministra não confirmasse a
saída e ficasse no cargo até a formalização da mudança.
A ministra ficou irritada com o vazamento, e coube
a Mercadante apagar o incêndio no segundo andar do Planalto. Mesmo
demissionária, ela cumpriu agenda. Entre um compromisso e outro, comentou com
assessores que foi deselegante o vazamento da mudança na Secom. A avaliação de
setores do Planalto é que o episódio de Portugal não foi decisivo para a
substituição. Outro grupo, no entanto, considerou-o a gota d'água.
As polêmicas em torno da viagem a Portugal se deram
não só pelo gasto com hotéis de luxo para mais de 40 pessoas ficarem em Lisboa
por menos de 24 horas, mas também pela postura da Presidência de manter em
sigilo a agenda da presidente em Portugal, só tornando-a pública no dia
seguinte, domingo, depois que foi revelada pelo jornal "O Estado de S.
Paulo". Em novembro do ano passado, em meio a críticas do PT à sua
atuação, Helena colocou o cargo à disposição. Ela esperava deixar o governo na
reforma ministerial, mas Dilma não lhe confirmou essa decisão. A ministra não
irá para a campanha da presidente e deverá cumprir quarentena, como prevê a
legislação.
Em uma das reuniões do presidente do PT, Rui
Falcão, com a bancada e integrantes do Diretório Nacional, para discutir saídas
para a crise depois das manifestações de junho, houve um debate sobre pontos
fracos na equipe ministerial, com críticas à comunicação do governo e da presidente.
A reclamação era em relação à pequena margem de financiamento dos chamados "blogs sujos", que fazem o enfrentamento com a mídia tradicional e atacam a
oposição.
"A
comunicação do governo é uma porcaria! O governo não tem a estratégia de
comunicação nas redes sociais. O Lula mantinha uma canalização de recursos para
alguns blogs, mas a Dilma cortou tudo", reclamou naquela reunião o
vice-presidente da Câmara, André Vargas (PR), segundo petistas
presentes. Na época, Vargas desmentiu as críticas, mas nesta quinta-feira,
diante da notícia da saída de Helena Chagas, disse ao GLOBO: "Não gosto dela. A
Helena foi pro pau! Beleza".
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(…)
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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