Por
Reinaldo Azevedo
Leitores apontam que o chamado novo humor brasileiro, bem mais
ideológico, no mau sentido, do que o de gerações anteriores também não faz
piadas com religiões de origem africana ou com o budismo. É verdade. Os
orientalismos estão entre hábitos de consumo de certa classe média com
aspirações à ilustração, de onde vem a turma. E os africanismos são uma das
expressões do politicamente correto. Transformá-los em alvos do humor seria um
desrespeito com o oprimido e uma forma de fazer o jogo do poder.
Então sobra para o cristianismo, com igual virulência contra
evangélicos e católicos. Estes são considerados culpados de boa parte dos males
do mundo, inclusive a aids, já que "é contra a camisinha". Sem contar a
Inquisição… Bom mesmo era Marat!!! E os evangélicos são tratados como idiotas
abduzidos, que não perceberiam que seu pastor não passa de um pilantra. "Ah,
mas não existem padres e pastores pilantras, Reinaldo?" Claro que sim! Mas
também há jornalistas pilantras, açougueiros pilantras, humoristas pilantras.
E, reitero, não quero censurar ninguém. Só não dá para posar de "Soninha Toda
Pura" ou de "A Censurada do Leblon" quando há uma reação.
Recorrer à Justiça é, reitero, uma reação democrática. Não pode é
sair quebrando, espancando, batendo - práticas com as quais certo humor, é bom
notar, tem flertado, ainda que por vias oblíquas. Isso, sim, é, nos valores que
propaga, agressão à democracia. Recorrer a um Poder da República, nos marcos do
Estado de Direito, é parte das regras do jogo.
Mas me desviei um pouco. No meu longo texto, demonstro que, se os
humoristas preservam aqueles que julgam oprimidos, então preservem o
cristianismo, ora, hoje a mais oprimida das religiões, seja na denominação
católica, seja num dos muitos ramos do protestantismo. Mais de 100 mil pessoas
são assassinadas por ano por causa de sua confissão religiosa. Parece pouco?
Inspira o gosto de alguém pela piada?
Mas atenção! Eu sou Tocqueville: os males da liberdade se curam
com mais liberdade - garantidas as premissas que permitem o exercício do
direito. A piada é livre. O direito de reagir - na forma já definida aqui como
sensata - também.
Há quem ache que Cristo era um banana? Que diga! O que não é
possível é sair gritando "censura!" e reagir como se tivesse havido uma
agressão à santidade quando alguém diz que banana é o humorista - ou
jornalista, incluindo o autor deste post.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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