Por Reinaldo Azevedo
O Jornal Nacional acaba de levar ao ar uma
reportagem sobre o rapaz que levou dois tiros de policiais em São Paulo. Tudo
foi razoavelmente equilibrado. E olhem que o equilíbrio entre a ação criminosa
e ação de combate ao crime já rende um bom debate moral. Até que o JN decidiu
desempatar a coisa e levou ao ar a opinião de Oscar Vilhena Vieira, apresentado
como "especialista". E o "especialista" desceu o pau na polícia, é claro.
Especialista?
Vieira e professor de "Direito Constitucional" da
Fundação Getulio Vargas. Reproduzo o seu currículo, que está na página da GV.
Leiam:"É diretor da DIREITO GV. Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (1988), Mestrado em Direito pela Universidade de Columbia
(1995), Mestrado (1991) e Doutorado em Ciência Política pela Universidade de
São Paulo (1998) e Pós-doutorado pelo Centre for Brazilian Studies (St.
Antonies College, Oxford University). Oscar Vilhena Vieira foi Procurador do
Estado em São Paulo, diretor executivo do Instituto Latino Americano das Nações
Unidas para Prevenção do Crime (Ilanud), assim como fundador e diretor da
organização Conectas Direitos Humanos. Na advocacia Oscar Vilhena Vieira tem se
concentrado em casos de interesse público junto ao Supremo Tribunal Federal.”
Cadê a experiência que o habilita a ser apresentado
como "especialista" em ações policiais?
Daqui a pouco o JN estará na Internet, e poderemos
ouvir de novo, na íntegra, a sua fala. Ele diz, claro, que as manifestações não
podem ser violentas e coisa e tal, mas afirma que a função da polícia é
garantir a segurança das pessoas, principalmente dos manifestantes. Não! A
polícia garante, como tem feito, a segurança TAMBÉM dos manifestantes. E cumpre
o seu papel. Ou o JN registrou alguma agressão ao direito de manifestação?
Que história é essa de "principalmente dos
manifestantes"??? É mesmo??? Quero a lei!!! Em que lugar está escrito isso???
Qual é o texto que ampara essa afirmação??? Se algum "especialista" disser que
a Terra é quadrada, como Lula sonhou um dia, a fala vai ao ar, sem contraponto?
O Jornal Nacional, assim, resolveu assumir um lado.
Ou será que não havia nenhum "especialista" para dizer que a polícia agiu com
correção? Alguém poderia dizer: "Ora, Reinaldo, houve a fala do secretário e do
governador". É mesmo, né? Mas eles, convenham, são apresentados como parte da
questão - assim como falou o irmão do rapaz ferido - para negar, contra todas
as evidências, que o outro fosse adepto da tática black bloc. Segundo o jovem,
seu mano anda com estilete porque é estoquista. Usa a arma para abrir as
caixas. Entendi. E depois sai por cai carregando o seu instrumento de trabalho.
Crível, sem dúvida.
Quando aparece um "professor" para falar como "especialista", ele se coloca acima das contendas e se comporta como juiz da
operação. O comando da PM deveria convidar o sr. Vilhena para dar uma palestra
para a tropa. Já que ele é um "especialista", certamente diria qual o melhor
procedimento naquele caso. Poderia, inclusive, fazer uma demonstração prática.
Ah, sim. Conforme o previsto, o JN não mostrou o
filme em que um black bloc é linchado pela pobrada.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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