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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Sobre Arthur Hermenegildo da Silva

No livro "Feira de Santana e o Vale do Jacuípe", do memorialista feirense Gastão Sampaio, 1977, que tem apresentação de Dival Pitombo, espaço dedicado a "filhos ilustres da Feira antiga". No meio de nomes como Filinto Bastos, Godofredo Filho, Arthur Hermenegildo da Silva, Sabino Silva, Genésio Silva, Eurico Alves Boaventura, Arnold Ferreira da Silva, Mário Simões Portugal, Gastão Guimarães, Áureo Filho, Honorato Bonfim, Raimundo Oliveira, Georgina Erismann e Maria Quitéria, além da cantora lírica Celeste de Cerqueira, que já tratamos no Blog Demais, aparece Arthur Hermenegildo da Silva.

Gastão Sampaio considera que Feira de Santana "conta com considerável bagagem de valores. Sendo um manancial bastante vasto, nem sempre nos foi permitido conseguir dados detalhados de todos. Alguns se deslocaram e foram emprestar os seus valores em longínquas paragens, o que dificultou coletarmos e reagruparmos novas pesquisas."

Diz mais: "Limitamo-nos aos nomes que se realçaram outrora, já que nos pareceu impraticável fazer os levantamentos recentes acerca dos atuais."

Gastão prossegue: "As informações que passaremos a prestar encontram-se ligadas a vultos que desfrutaram um conceito já fixado por publicações e títulos, onde revelaram seus méritos culturais e intelectuais. Em alguns casos, por termos convivido por mais tempo com alguns de maios projeção, foi-nos permitido analisá-los e comentá-los sem maiores embargos."

O autor encerra: "Seria uma lacuna se omitíssimos de Feira essa faceta que, sem dúvida, é das que mais eleva um povo, uma região e mesmo uma época."

Arthur Hermenegildo da Silva nasceu em Bonfim de Feira, antigo distrito em Feira de Santana. no dia 1 de dezembro de 1876. Era filho do fazendeiro coronel Manoel Hermenegildo da Silva e Maria da Purificação Leite da Silva, como conta Gastão Sampaio.

Mais sobre o perfil biográfico: "Fez o curso primário em Bonfim de Feira. Tendo demonstrado viva inteligência e aplicação, recebeu sólida orientação didática do cônego Lobo que o estimulou a prosseguir os estudos em centros mais adiantados,

Em Salvador ficou internado no famoso colégio do sábio gramático Carneiro Ribeiro, tendo obtido bom aproveitamento no curso de humanidades.

Tinha em mira o estudo da engenharia. Naquela época a Bahia não possuía escolas superiores a não ser de Medicina e Direito Civil.

Em 10 de abril de 1897 diplomou-se como engenheiro civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

Regressou à Bahia, e como primeira função profissional desempenhou o cargo de engenheiro residente da Estrada de Ferro de Nazaré. Além dos levantamentos técnicos na instalação de muitas linhas férreas para essa estrada. Ali também marcou a sua passagem ao proceder o levantamento da planta cadastral da velha cidade de Nazaré, tendo sido este, no gênero, o primeiro trabalho realizado no Estado da Bahia, o que serviu de paradigma para outras cidades baianas. A convite do fazendeiro José Bittencourt fez o estudo do Caraípe, tributário do rio Jaguaripe, trabalho mais tarde ratificado pelos engenheiros Alexandre Bittencourt e Adolfo Freire de Carvalho, cujo rio abastece a velha Nazaré das Farinhas.

Foi posteriormente chamado pelo ministro Miguel Calmon du Pin e Almeida, do Governo de Afonso Pena, para assumir a função de inspetor do Telégrafo do Estado da Bahia. Dentre outras instalações telegráficas, executou a de Remanso a Petrolina e a ligação telefônica entre Feira de Santana e Bonfim de Feira. Em seguida regressou a Salvador onde assumiu a função de chefe telegráfico do Estado da Bahia.

A convite do Governo Federal, representou o Brasil na Exposição Nacional da Engenharia, realizada em Milão, trazendo uma medalha de bronze, prêmio cabido ao nosso País nesse certame em 1911.

Logo depois, em companhia de Otacílio Nunes de Souza, arrendou através de concorrência pública, a Viação Baiana de São Francisco. Em época correlata assumia a chefia da Superintendência Distrital de Valorização da Borracha, também no nosso Estado.

Fez parte da iniciativa de engenheiros baianos na fundação da Escola Politécnica da Bahia onde assumiu a cadeira de Materiais e Construção, ocupando igualmente outras cátedras como de Portos e Rios Navegáveis e Astronomia.

Além dessas atividades trabalhou em construção civil tendo, entre outros edifícios, construído a Biblioteca Pública do Estado, na praça Municipal, posteriormente demolida para a construção de um jardim que ali funciona e o antigo Correio Geral, à rua Portugal, elevado sobre pilotis de aroeira, já que a técnica de concreto armado não utilizava na época processos mais modernos.

Exerceu Dr. Hermenegildo o magistério em vários colégios de Salvador, inclusive no Educandário do Sagrado Coração de Jesus, conhecido por Perdões.

Arrendatário da Estrade de Ferro de Santo Amaro não conseguiu realizar este trabalho, pois teve a vida ceifada prematuramente aos 42 anos de idade.

Estes seus empenhos e realizações ligam o seu nome aos de outros filhos de Feira de Santana, que tanto a dignificaram."

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