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quinta-feira, 2 de julho de 2020

Maria Quitéria de Jesus

Há quase 68 anos, na edição de 21 de fevereiro de 1952 de "Imprensa dos Municípios", a transcrição de artigo assinado por Antonio Manoel de Araújo (09.07.1924-29.07.2006) publicado no semanário "Vanguarda", que se editava em Feira de Santana.
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"Heróis! Como o cedro augusto
Campeia rijo e vetusto
Dos sec'los ao perpassar,
Vós sois os cedros da história
A cuja sombra de glória
Vai-se o Brasil abrigar".
CASTRO ALVES
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"Se um povo existe, ufanoso por haver conquistado de pé a sua independencia, esse foi o povo brasileiro. Não se ajoelhou perante a corte nem beijou os pés dos reis. Assim é a historia da nossa independencia exuberante de lutas bravas e denodadas, de heroismos, cuja dramaticidade, nem a pena sábia dos historiadores, nem a épica dos poemas puderam descrever em toda sua autenticidade.
Diverso, mui diverso daquele brado eloquente, romantico e impulsivo do principe 'às margens placidas do Ipiranga' foi a conquista da nossa independencia. 'Independencia ou morte'. Já na Bahia um brado mais forte que eloquente, mais dramático que romantico, vinha tisnando o solo pátrio com o sangue de bravos. Era a morte pela independencia. 'A pugna imensa travara-se nos cerros da Bahia.'
Foi nessa 'pugna imensa' que surgiu, dentre os bravos, a figura gigantesca de u'a mulher sertaneja; flor do agreste do sertão, levando de Feira de Santana - seu torrão natal - às margens ensanguentadas do Paraguaçu, como chama vivificante aos bravos cachoeiranos todo o fogo de uma alma incandescente de amor à pátria, para ali, da Cachoeira heroica, marchar ombro a ombro com os soldados pela vitória dos nossos direitos que a corte Portuguesa, à passos largos, restringia.
Grande exemplo de coragem! Exemplo de amor à pátria! Profundo e incomparavel amor à pátria, pois foi esse o único sentimento que Maria Quitéria de Jesus levara em seu peito, quando abandonara o lar paterno em defesa de um lar maior - o Brasil! Nenhum outro sentimento conduziria em sua alma de mulher.
Era a ardencia pura e nata do patriotismo.
Um dever de gratidão e justiça impõe-se à geração presente no culto perene dos que a glorificaram no passado - transmitir à gerações provindouras esse culto de veneração para que a pátria possa sempre sentir-se abrigada dos feitos gloriosos dos seus filhos.
Aproxima-se o centenário de morte da grande heroina Maria Quiteria. Movimente-se a Bahia no sentido de celebrar condignamente essa efeméride. Esse movimento valoroso e patrioticamente vanguardeado pelo grande bahiano ministro Simões Filho e apoiado pelo governador do Estado, vem sendo dirigindo pelo poeta, jornalista, educador e historiador bahiano prof. Pereira Reis Junior. Que seja uma grande festa para que a nossa heroina tenha uma glorificação à altura dos louros que lhe ornaram a fronte, constituindo assim, um marco triunfal de uma geração grata e reconhecida!
E nós feirenses, que palmilhamos o mesmo chão que serviu de berço a Maria Quiteria de Jesus e vivemos sob o mesmo céu que testemunhou sua vida heroica, nós feirenses temos um dever mais imperioso e mais sagrado.
Unamo-nos, pois, para que a Feira possa ser grata ao nome aureolado da 'destemida Penthesilea' que, escrevendo em nossa historia a mais bela página de heroismo, tornou-se a joia mais valiosa da nossa gloriosa tradição! E a nossa tradição não seja apenas uma linda historia a acalentar o nosso orgulho e a engalanar a nossa recordação; seja antes de tudo uma forte e gloriosa historia, ligando na distancia dos anos a presença indestrutível e incorrupta da nossa consciencia democratica - fonte perene dos mais elevados anseios de liberdade!"
Observação: Texto transcrito conforme o original

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