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quarta-feira, 8 de julho de 2020

Fato passado, fato contado

Celeste de Almeida, um nome que elevou Feira de Santana
Euterpe, deusa do canto lírico

No livro ”Feira de Santana e o Vale do Jacuípe”, de Gastão Sampaio, 1977, que tem apresentação de Dival Pitombo, espaço dedicado a "filhos ilustres da Feira antiga". No meio de nomes como Filinto Bastos, Godofredo Filho, Arthur Hermenegildo da Silva, Sabino Silva, Genésio Silva, Eurico Alves Boaventura, Arnold Ferreira da Silva, Mário Simões Portugal, Gastão Guimarães, Áureo Filho, Honorato Bonfim, Raimundo Oliveira, Georgina Erismann e Maria Quitéria, aparece o da cantora lírica Celeste de Cerqueira.
Gastão Sampaio exalta: "A Feira se orgulha de seu nome. Uma de suas filhas figura na galeria de artistas brasileiros, tendo engrandecido a sua terra, o seu estado e também a sua pátria. Foi o seu exemplo um estímulo para que outros, com vocação e dotes, a sigam na trilha do seu empenho, na beleza de sua voz, na realização de um trabalho que embevece a todos nós."
No livro "Folhas Mortas Que Ressuscitam", de Marieta Alves, 1975, a autora dedica capítulo a "Duas genuínas artistas bahianas", ambas feirenses - Celeste de Almeida e Georgina Erismann.
Ela conta: (...) "Celeste de Cerqueira nasceu na formosa cidade de Feira de Sant'Ana, recanto da Bahia cheio de belezas naturais e amenissímo clima.
Com a cantora espanhola Eloina Martinez, que esteve em breve temporada naquela cidade, iniciou os estudos de canto. À intuição de D. Maria Amélia Bacelar de Cerqueira mãe de celeste não passou despercebida a extraordinária vocação da filha, que vivia gorjeando como os pássaros ao romper da aurora.
Transferindo residência para a capital, passou a estudar com Marie Daumerie e, pouco depois, como Madre Josephine, superiora do Convento das Mercês, a mesma grande artista religiosa que, seguramente desvendou a Cândida Nova Monteiro os segredos da arte de cantar.
Em 1912, Celeste de Cerqueira deixou a Bahia com destino ao Velho Mundo. Em Paris, foi discípula da notável cantora russa Félia Litvinne até 1915, quando forçada pela grande guerra, voltou ao Brasil.
Vem a propósito uma referência à encantadora amizade que ligou a mestra ilustre à discípula bahiana. Muitas cartas de Félia Litvinne para Celeste passaram pelas nossas mãos. Em todas elas a grande artista deixou transparecer a sincera admiração que votava à nossa conterrânea. Num dos vários retratos da mestra, que nos foram mostrados, encontra-se a dedicatória honrosa: 'À la chère et belle artiste Celeste de Cerqueira qui a si bien compris mon enseigment son professeur et amie Félia,'
Realmente, todos os segredos da arte de ensinar e todas as dificuldades da arte de cantar foram transmitidas sem reservas pela famosa cantora e assimilados com extraordidário proveito pela discípula talentosa.
Celeste de Cerqueira voltou à Europa em 1922. Na Alemanha, outra grande mestra - Lili Lehemann - ministrou-lhe proveitosas lições. Novamente em Paris de 1923 a 1926 continuou os estudos com Félia Litvinne.
Segue-se do exposto o que ficamos devendo a Celeste de Cerqueira como professora de canto e como diretoria do nosso Instituto de Música, onde sua ação enérgica e esclarecida se fez sentir e muito contribuiu para o progresso da cultura musical entre nós.
A grande cantora Celeste projetou-se mais uma vez por ocasião do 1º Congresso Eucarístico Nacional realizado na Bahia em 1933, quando da representação impecável do 'Oratório de Fátima' do compositor luso Ruy Coelho e versos de Afonso Lopes Vieira.
Solista principal num côro de mais de 150 figuras, sua educada voz de contralto esteve à altura do grande espetáculo, conduzido pela batuta do Padre Luiz Gonzaga Maris.
Em 27 de janeiro de 1943, aos 57 anos de idade, a cantora conterrânea emudeceu para sempre, no Rio de Janeiro, onde exercia a nobre missão de ensinar. É justo trazer seu nome à tona, pelo muito que trabalhou em favor da cultura artística, entre nós, bahianos e brasileiros."
P.S.: Pena que não tenha sido encontrado nenhum registro fotográfico de Celeste de Cerqueira.

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