O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci disse que
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negociou pagamentos a seu filho
caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, com o lobista Mauro Marcondes Machado, do
setor automobilístico, em mais um depoimento à Justiça Federal, em Brasília-DF.
O acordo foi feito em prol da aprovação de uma
Medida Provisória (MP-471) que visava a prorrogação de incentivos fiscais de
montadoras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
Conforme informações do jornal “O Estado de S.
Paulo”, Palocci afirmou que entre o final de 2013 e o início de 2014 o filho de
Lula o procurou na sede de sua consultoria, em São Paulo, para pedir
contribuições para o seu projeto de esportes.
"Ele disse que precisava para o evento
'Touchdown', que ele lidera, para fechar entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões e
que eu ajudasse com recursos via empresas conhecidas, porque eu conhecia
muitas. Não pude fazer nada e fui falar com Lula para saber se ele me
autorizava a fazer isso. Sempre que alguém me pedia em nome do ex-presidente eu
o consultava", relatou o ex-ministro ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite,
no âmbito da Operação Zelotes.
Palocci recorda que ao levar o assunto a Lula, o
ex-presidente mandou ignorar o pedido de seu filho, pois o assunto já havia
sido resolvido com Marcondes - segundo o relato, empresas iriam pagar entre R$
2 milhões e R$ 3 milhões a Marcondes e ele passaria o dinheiro a Luís Cláudio.
Segundo contou o ex-ministro, o lobista demonstrou
ter acesso 'irrestrito' a Lula.
"O ex-presidente me disse que tinha confiança
no Mauro Marcondes e que o conhecia desde que era sindicalista no ABC e ele era
atuante na área empresarial. Tinha razoável confiança nele. Me disse isso porque
fiquei espantado com a forma como o ex-presidente teria interferido na MP de
forma tão explícita. Mas ele me disse que ele era de confiança dele e que não
haveria problema", contou.
Nesse processo, Palocci depôs como testemunha de
acusação. Além de Lula, o ex-ministro Gilberto Carvalho e mais cinco são réus.
O Ministério Público Federal sustenta que a empresa Marcondes e Mautoni
Empreendimentos, que representava os interesses da CAOA (Hyundai) e da MMC
Automotores (Mitsubishi do Brasil) teria oferecido R$ 6 milhões a Lula e a
Carvalho. Esse dinheiro seria usado para financiar campanhas do PT.
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