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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Olney: Um artista do mundo


Na revista Nº 15 do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana, texto de Dimas Oliveira sobre Olney São Paulo.
A publicação foi lançada no sábado, 8, no evento de encerramento das atividades do ano de 2018 da instituição.

Eis a íntegra do texto:
Além de inscrever seu nome - e o de Feira de Santana - no cenário cinematográfico nacional e internacional, Olney São Paulo (07.08.1936-15.02.1978) também era ligado à literatura. Ele escreveu em 1965 o livro de contos  "A Antevéspera e o Canto do Sol".
Nesse livro, o conto "Destacamento", foi republicado em 2009 como o nome de "Cravo Santo", pela Fundação Senhor dos Passos, através do Núcleo de Preservação da Memória Feirense. Exemplares foram distribuídos aos presentes no dia 9 de agosto de 2009, no Tributo a Olney São Paulo, realizado na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).  
Olney foi diretor da revista "Sertão", órgão da Associação Cultural Filinto Bastos, exclusivamente cultural. No número 1 da revista, ele escreveu o ensaio "Vingança".
Ele também assinava a coluna "Cineópolis", no jornal "O Coruja", do Colégio Santanópolis, onde estudava. Começou escrevendo sobre cinema antes de roteirizar e dirigir filmes.
Estudos de relações entre literatura e cinema no Brasil, foram desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos em Literatura e Cinema (Nelci), da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
Olney também foi estudado para uma seleção de mestrado em História da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, por Johny Guimarães da Silva, com a proposta "O Sertanejo no Cinema de Olney São Paulo".
Como já foi dito, Olney é sertanejo-urbano, jacuipense, feirense, baiano, carioca e brasileiro, um artista do mundo.
Homenagens
Em Feira de Santana, Olney deu nome a Cine Clube - que não está mais em atividade; seu filme "O Grito da Terra" virou nome de jornal - também extinto; teve mesa com seu nome no Balcão Di Vidros - um bar que já fechou. Também foi nome de premiação, em 1994, do Salão Universitário de Artes Plásticas, do Museu Regional de Arte. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) existia o Coletivo Olney São Paulo, entidade formada por professores e alunos para estudar cinema. Na Galeria Carmac, no centro da cidade, tem um espaço chamado praça Olney São Paulo, e no Tomba existe uma extensa rua com seu nome. Olney também denomina a praça de alimentação do Boulevard Shopping.
Mais: a edição de 1978 da Jornada Baiana de Cinema fez homenagem a Olney. "Muito Prazer", filme de David Neves, com Ilya São Paulo no elenco, teve lançamento em Feira de Santana, no Íris, em homenagem póstuma a Olney.
"Pinto Vem Aí" foi premiado no V Festival Brasileiro de Curta-Metragem do Jornal do Brasil. "Manhã Cinzenta" foi apresentado em vários festivais internacionais, como Pesaro (Itália), Cracóvia (Polônia), Mannheimm (Alemanha) - onde foi premiado com o Filmdukaten, em 1970, e causou curiosidade nos alemães com sua presença, pois ele foi para o festival de sandálias de tiras de couro cru, naturalmente compradas na feira livre de sua terra -, Londres (Inglaterra), Havana (Cuba), e Viña Del Mar (Chile). "Manhã Cinzenta" (rèalisé par Olney A Sau Paulo) também participou de mostra paralela no Festival de Cannes (França), em 1970. Em 1976, participação no V Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (Portugal).
Olney foi elogiado por Orson Welles (realizador do maior filme de todos os tempos, "Cidadão Kane"), para quem "Manhã Cinzenta" era um filme extraordinário. Glauber Rocha chamou Olney de "mártir do cinema brasileiro", disse mais que ele "é a metáfora de uma alegoria. Alegorias estas que muitas vezes foram barradas mas que nunca deixaram de ser registradas". Sobre "Manhã Cinzenta", o crítico e cineasta Rubem Biáfora comentou no jornal "O Estado de São Paulo": "Uma fita mais abertamente polêmica, que a Censura cometeu o erro e a inutilidade de proibir". A empresa Dezenove Som e Imagem, em São Paulo, dedicada a "filmes de autor", tem em seu acervo uma cópia de "Manhã Cinzenta".
No catálogo oficial do I Mille Occhi, oitava edição do Festival Internacional de Cinema e de Arte, realizado em Triestre, na Ítália, entre 18 e 26 de setembro de 2009, consta artigo de Dimas Oliveira, especialmente escrito (e traduzido do inglês para o italiano), sobre "Grito da Terra", de Olney São Paulo, que foi exibido no festival. A atriz Helena Ignez - que atuou na realização feirense - foi destacada com o "Premio Anno Uno" e teve mostra de seus filmes no evento. O catálogo dedica 26 páginas (29 a 54) a Helena Ignez, sendo as duas últimas destinadas ao filme de Olney São Paulo.
No dia 3 de dezembro de 2011, Olney foi homenageado dentro da mostra de curtas do Tocayo, evento multimídia que ocupou o Galpão da Ação da Cidadania, no Centro do Rio de Janeiro. Ao todo foram exibidos quatro títulos do cineasta: "Manhã Cinzenta" (1968), obra que culminou em sua prisão; "Grito da Terra" (1964); "Sob o Ditame do Rude Almajesto: Sinais de Chuva" (1976); e "Pinto Vem Aí" (1976). A 12ª edição do Tocayo reuniu cerca de 50 artistas, com 12 horas de atividades culturais. Em 2011, Henrique Dantas lançou o documentário "Sertão Cinzento", sobre Olney e seu filme mais polêmico, "Manhã Cinzenta". Em 2013, a vez de Henrique Dantas lançar "Sinais de Cinza: A Peleja de Olney São Paulo Contra o Dragão da Maldade", que conta a trajetória do cineasta e dá a dimensão da importância do cinema político de Olney.
A data de nascimento de Olney, 7 de agosto, é Dia Nacional do Documentarista.

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