Por Reinaldo Azevedo
Nunca se viu um Sete de Setembro como o deste ano. Pra começo de
conversa, nada de pronunciamento oficial na TV. Dilma preferiu discursar num vídeo,
tornado público nas redes sociais e nas páginas oficiais. A governanta ficou
bem longe do povo. Era patético vê-la acenando naquele Rolls-Royce para placas
de aço, que mantinham o povo de verdade à distância. Na área permitida, só
petistas e puxa-sacos.
Com alguma memória, a gente via o espírito do general Newton Cruz,
comandante militar do Planalto em 1984, em seu cavalo branco, como Napoleão - a
comparação foi do então presidente, o general João Figueiredo -, dando
piparotes com o cabo do chicote em automóveis que faziam buzinaço em favor da
aprovação da emenda das diretas. O governo decretou "medidas de emergência" em
Brasília nos estertores da ditadura. Era uma questão, sem dúvida, política. As
ações emergências de agora têm origem na cleptocracia que tomou o estado
brasileiro.
Dilma não se constrangeu nem em pegar carona na crise migratória
que assola a Europa, que teve na terrível imagem do gorotinho Aylan Kurdi,
encontrado morto numa praia, o seu símbolo. Na cabeça perturbada dessa senhora,
nós somos uma espécie de contraponto àquela barbaridade. Governantes precisam
saber a hora de se inibir. Obviamente, ela não sabe.
Houve atos de repúdio ao governo e ao PT absolutamente espontâneos
em pelo menos oito capitais, além do Distrito Federal. E que se note: os
principais movimentos que têm organizado as manifestações contra a roubalheira
e em favor do impeachment não convocaram ato desta vez, embora tenham se
manifestado a favor dos protestos.
O Pixuleco, que já se tornou o símbolo dessa era, ganhou uma
companheira à altura: a Dilma inflada, com nariz de Pinóquio. Depois do
desfile, manifestantes derrubaram placas de aço do cerco metálico que foi
chamado de "Muro da Vergonha". Do outro lado, na banda oficial, estavam
petistas. Os dois grupos se hostilizaram, e a Polícia Militar teve de usar gás
de pimenta para evitar o confronto.
Michel Temer, o vice que vem sendo bombardeado pelo PT, estava no
palanque oficial, onde compareceu apenas um dos seis ministros do PMDB:
justamente o de uma pasta condenada a desaparecer - Helder Barbalho, da Pesca.
Henrique Alves (Turismo) está em viagem oficial à Itália. Os outros todos
tinham compromissos pessoais ou políticos em seus respectivos estados. Uma
coisa é certa: não estavam no palanque com Dilma. Não é um lugar que se deva
disputar hoje em dia.
As pessoas disfarçadas de povo que estavam em Brasília para apoiar
Dilma, "contra o golpe" - qual? - participaram do tal "Ato dos Excluídos", uma
patuscada esquerdista que nasceu nos setores vermelhos da Igreja Católica e acabou
sendo abraçada pela instituição.
A turma marchou em favor da presidente, mas, claro!, contra as
medidas do governo e contra Joaquim Levy, o ministro da Fazenda daquela que, no
vídeo divulgado na Internet, anunciou que vai nos administrar alguns "remédios
amargos".
Nunca houve um Sete de Setembro como o deste ano. Mas é possível
que eu não tenha me feito entender. Nunca houve porque, tudo indica, os
brasileiros realmente começam a se libertar. E, agora, eles se libertam de um
tipo muito particular de ditadura: a do PT.
Dilma dialoga com as placas de aço que mantêm o povo prudentemente
à distância. A mistificação está com os dias contados.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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