Por
Reinaldo Azevedo
O que mais me intriga na presidente Dilma Rousseff nem é a
capacidade que ela tem de fazer confusão em assuntos relevantes. E ela é
obviamente notável também nisso. Como costumo dizer, ela tem uma formidável
vocação para atravessar a rua e pisar em casca de banana. Parece ser uma
compulsão. Sim, leitor amigo, ela poderia ser uma virtuose na arte de
escorregar, dar passos ginásticos e bailarinos - se me permitem a derivação
imprópria -, com elegância peculiar, mas nunca ir ao chão.
Não é o caso. O que ela mais faz é se esborrachar, é quebrar a
cara. Mas vocês sabem como é um vício. Faz mal, mas a pessoa só se contenta se
alimenta aquilo que tem o potencial de destruí-la. Sei como é… Fumo Hollywood.
Não me orgulho. Só faço mal, no entanto, quase a mim mesmo, né? E esse "quase"
está aí em razão das preocupações familiares. Dilma não! Quando faz
besteira, movida por sua compulsão - e como ela faz! -, interfere na vida de
muitos milhões.
Qual é a mais recente trapalhada? Movida sabe-se lá por qual mau
espírito - talvez os deuses ancestrais da mandioca -, ela resolveu, por
decreto, tirar dos comandantes militares funções relativas ao pessoal das
Forças Armadas, como reforma do oficialato, transferência para a reserva
remunerada e, ora vejam!, até a escolha de capelães.
Wagner, sem dúvida o ministro mais boa-praça entre os petistas - eca -,
entende de Defesa menos do que entendo de física quântica. Consigo fazer uma
redação de cem linhas a respeito. Duvido um pouco que Wagner logre o mesmo
sucesso sobre, sei lá, a vulnerabilidade das nossas fronteiras ou sobre a nossa
capacidade bélica.
Tanto ele não entende nada de Defesa que se tornou um dos 7.359
coordenadores políticos de Dilma. É claro que houve mal-estar nas Forças
Armadas, até pela gratuidade do ato. Wagner nem teria tempo de cuidar do
assunto. Quando não está tentando reparar alguma bobagem feita por Dilma, está
ocupado em ser simpático com o uisquinho e a moqueca.
Tanto o ministro está alheio mesmo à burocracia da pasta que quem
solicitou à Casa Civil a transferência de responsabilidades dos militares para
o ministro foi a secretária executiva da Defesa, a petista Eva Maria Cella Dal
Chiavon, que chefiou a Casa Civil da Bahia no primeiro governo Wagner, entre
2007 e 2011. Depois, ela foi secretária-executiva do Ministério do Trabalho, da
Secretaria de Relações Institucionais, do Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social e do Planejamento.
Ó, leitores! Ela entende tudo de defesa. Até porque é graduada,
prestem atenção, em Planejamento Estratégico Público-Participativo e Enfermagem
e Obstetrícia. O que lhes parece? Pior: a trapalhada soou como pequeno golpe
nas Forças Armadas. Quando a tal Eva Maria resolveu enviar à solicitação à Casa
Civil, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira estava como interino da
Defesa e nem mesmo foi avisado. Seu nome saiu chancelando a tolice no Diário
Oficial, e ele teve de vir a público para dizer que não sabia de nada.
Wagner agora diz que vai delegar aos comandantes militares tarefas
que lhes são próprias. Parece piada, mas é assim. Mais impressionante: a
estrovenga é pensada lá na Defesa por aquela senhora que certamente sabe o que
é "castrismo", mas não o que é castrense, passa pela Casa Civil de Aloizio Mercadante,
um filho de general, e termina na mesa de Dilma, que, na melhor das hipóteses,
assinou o troço sem ler.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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