Por Reinaldo Azevedo
Os
protestos contra a Copa do Mundo se misturaram, em algumas capitais,
notadamente São Paulo e Rio, a manifestações de categorias profissionais em
greve. País afora, com boa vontade, devem ter reunido umas 20 mil pessoas - 15
mil delas em São Paulo, entre professores da rede municipal em greve, sem-teto
e a turma do protesto propriamente. Pois é… Só na pequena Macapá, 20 mil
pessoas foram ao Marco Zero do Equador para receber a taça do mundial, que já
percorreu, desde 2013, 150 mil quilômetros, em 90 países. Em junho, chega a São
Paulo. Assim, a capital do Amapá pode ter reunido mais gente para ver a taça do
que o Brasil inteiro para se opor a isso ou àquilo.
Nesse
estrito sentido, é claro que o tal "dia internacional de protesto contra a
Copa" foi um fiasco. Houve manifestações violentas no Rio e em São Paulo, onde
agências bancárias foram depredadas, e uma revendedora de automóveis, inclusive
os veículos, foi depredada. O repúdio à violência - ou o medo mesmo - impede a
adesão de cidadãos comuns. Gente decente não acha que se deve sair quebrando
tudo por aí.
O
movimento contra a Copa, portanto, deu com os burros n'água. Ocorre que, desde
junho, não é preciso juntar milhares de pessoas para parar uma avenida: bastam
algumas dezenas. Como a Polícia Militar só age em último caso, as cidades vão
ficando reféns de minorais extremistas. Em São Paulo, por exemplo, 20 black
blocs foram detidos, acusados de portar coquetéis molotov e martelos. Logo
serão soltos - se é que já não foram. Não há lei que possa mantê-los presos,
por incrível que pareça. Ou melhor: até há, mas não será aplicada.
O
Planalto comemorou as manifestações magras; tomou-as como um sinal de refluxo
do movimento contra a Copa, mas está ainda ressabiado porque não está certo de
que ele não possa renascer com força. Então é melhor ser discreto. A bem da
verdade, nas jornadas de junho, poucos foram os protestos realmente grandes. O
que incomoda desde sempre e faz o Poder Público bater cabeça é a violência. As
autoridades brasileiras ainda não encontraram a resposta adequada para ela.
Clima de
baixo-astral
Os maquiavéis de segunda linha do governo, saibam, nunca viram com maus olhos a violência dos extremistas. Ao contrário: em certa medida, devem considerá-la útil porque isso tira das ruas os militantes que não são profissionais. O problema do governo, no entanto, é outro. Estamos a 28 dias do início da Copa do Mundo, e não há entusiasmo nas ruas. Ao contrário: muita gente que não põe pano preto na cara nem porta coquetéis molotov está com o saco cheio dessa história e acha mesmo que, em vez de se dar a tal desperdício, o Brasil deveria é cuidar melhor de saúde e educação - o tal "padrão Fifa".
Os maquiavéis de segunda linha do governo, saibam, nunca viram com maus olhos a violência dos extremistas. Ao contrário: em certa medida, devem considerá-la útil porque isso tira das ruas os militantes que não são profissionais. O problema do governo, no entanto, é outro. Estamos a 28 dias do início da Copa do Mundo, e não há entusiasmo nas ruas. Ao contrário: muita gente que não põe pano preto na cara nem porta coquetéis molotov está com o saco cheio dessa história e acha mesmo que, em vez de se dar a tal desperdício, o Brasil deveria é cuidar melhor de saúde e educação - o tal "padrão Fifa".
Assim,
a dificuldade maior da Soberana (na verdade, o seu temor) nem é a minoria
extremista. Nessas horas, o risco é sempre a maioria silenciosa, ou, ao menos,
a expressiva massa de silenciosos que pode concordar com os postulados que
animam os incendiários, sem, no entanto, aderir às suas práticas. Na
imaginação lulo-petista, a esta altura, os brasileiros estariam exultantes,
orgulhosos, matando de inveja o Brasil de Garrastazu Médici. E, no entanto,
isso não está acontecendo nem vai acontecer. É claro que todo mundo vai torcer
para que no Brasil seja campeão. Mas isso nada tem a ver com o governo. E só
por isso Dilma não vai discursar no jogo inaugural.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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