Por Reinaldo
Azevedo
Já sei. Muitos de vocês já tinham até comprado
Anapyon (ainda existe?) só para preparar o gogó e vaiar a Dilma Rousseff,
presidente do Brasil, e o Joseph Blatter, presidente na Fifa, na abertura da
Copa, em São Paulo, e no encerramento, no Rio? Podem esquecer! Não vai haver
discursos. Mantenham a garganta limpa e higienizada para comemorar os gols da
Seleção Brasileira e, espero eu, o título. Então só restou mesmo vaiar a Dilma
nas urnas. Vocês sabem como.
Em entrevista à agência alemã DPA, Blatter falou
sobre a sua decisão de suspender os discursos justamente ao comentar as vaias
que ele e Dilma receberam na Copa das Confederações, em junho de 2013: "Não dá
para saber o que vai acontecer [se haverá ou não protestos durante a Copa]. Não
sou profeta. Estou convencido de que a situação se tranquilizou. Vamos fazer a
cerimônia de uma maneira que não aconteça discursos".
A Fifa tentou negar depois que a decisão tenha
alguma relação com o risco de vaiais. Mas não é preciso ser muito bidu, não é?,
para entender os motivos. Uma decisão como essa não é tomada sem uma avaliação
objetiva da situação. E o risco de uma vaia estrepitosa certamente foi
considerado altíssimo. Ainda que a entidade seja a dona do campeonato e decida
quem fala e quem não fala, não se muda assim a cerimônia oficial sem um prévio
entendimento com o Palácio do Planalto - que, claro, diz ignorar a decisão.
Uma sonora vaia em julho - a três meses da eleição - seria devastadora para a campanha eleitoral de Dilma. Haja, depois, horário
eleitoral para tentar compensar o desagaste. Imaginem a audiência da cerimônia
de abertura. E, no caso, meus caros, não tem barriga-me-dói, como se diz em
Dois Córregos: é a vaia sair, ela tem de ir ao ar, com toda a sua convincente
sonoridade.
Aliás, na era digital, com telões, celulares etc, a
simples exibição da imagem de Dilma pode desencadear manifestações de, digamos,
agravo. Mas é evidente que o desgaste é muito menor do que não conseguir falar.
E a presidente não chega a ser, assim, um Rui Barbosa ou um Padre Vieira, que
nunca perdiam o fio.
A Fifa diz que pode ainda rever a decisão. Claro
que sim! É o tipo de coisa que pode ser decidida até minutos antes do evento.
Tudo vai depender de como as coisas caminham até lá. Mas não há muitas razões
para a população achar que a saúde, a educação, os transportes e a segurança
pública atingiram, finalmente, o tal "Padrão Fifa".
É impressionante o que conseguiu a incompetência
gerencial do PT! Como já observei aqui, aquele que deveria ser o grande trunfo
de Dilma neste 2014 está se mostrando uma das maiores pedras que ela tem no
caminho. Sem a Copa do Mundo, ela estaria numa situação mais confortável. Lula
achou que já tinha dado o pão e que complementaria a sua obra com o circo. A
população, no entanto, começou a pedir um pão de mais qualidade. Não deixa de
ser um avanço.
Fonte: "Blog Reinaldo
Azevedo"
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