skip to main |
skip to sidebar
Aquiles César (elemento maligno de alta periculosidade) baleado na coxa
e na perna, chega ao hospital após troca de tiro com a polícia, trazido
por policiais. Na entrada da emergência chorando copiosamente disse ser
vítima e que estava trabalhando quando foi alvejado pelos maldosos
policiais. Foi encaminhado ao bloco cirúrgico onde foi submetido a
exploração vascular do membro com
revascularização da artéria femoral lesada mais fasciotomia da perna.
Durante a anestesia e sob efeito de Dormonid o cliente que se dizia
vítima das elites, da burguesia e dos policiais sem alma, começou a
falar em tom diferente, disse que a profissão dele era ladrão, que
matava se fosse preciso, mas que ia decorar a cara da equipe médica que
estava operando ele para poupá-los quando o mesmo estivesse exercendo
suas atividades diárias de bandido perigoso. Bandido consciente e
misericordioso esse não é?
E chacoteando de todos, ainda disse que se
encontrasse com a técnica de enfermagem por aí, iria assaltá-la e
espancá-la pois sentiu dor quando a coitada da profissional de saúde foi
pegar um acesso venoso no seu braço.
O cliente foi operado em um
hospital público, pago com os impostos que os trabalhadores desse país
pagam, evoluiu sem intercorrências, nem uma febre sequer teve, e recebeu
alta após uma semana, curado e apto para voltar as suas atividades de
assalto a mão armada e latrocínio, mas sem antes pedir um atestado
médico para se encostar pelo INSS recebendo um salário mensal também
pago pelo contribuinte, ou seja, por você que está lendo esse relato
sorrindo e feliz.
Infelizmente a mesma sorte não teve seu Severino, o
pai de família que o paciente acima citado baleou na cabeça durante o
assalto que cometeu. Devido aos graves ferimentos causados pelo projétil
de arma de fogo no crânio, e após ser operado e ficar uma semana em coma,
seu Severino teve morte encefálica e a família doou os rins que foram
transplantados em outro serviço, beneficiando dois pacientes que faziam
hemodiálise há alguns anos e estavam sem acesso vascular para fazer
diálise, caso não tivessem sido transplantados teriam morrido alguns
dias depois, o que serviu de consolo para os familiares de seu Severino
que não sabem como vão sobreviver agora sem o provedor a família, já que
não vão poder receber nenhuma ajuda do governo, INSS e afins, pois não
têm a mesma sorte do ladrão e não estão cadastrados nas bolsas petistas
da vida pois seu Severino era trabalhador.
Os nomes dos personagens são
fictícios, o caso é real, e retrata o dia a dia das famílias brasileiras
que não têm acesso a educação, muito menos outros serviços públicos de
qualidade, e de um país onde só existe direitos humanos para bandidos, e
nunca para os humanos direitos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário