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domingo, 2 de junho de 2013

"Números espantosos revelam que, além de péssimo, nosso sistema carcerário não recupera ninguém e custa muito caro - governo gasta mais com detento do que com estudante de universidade"



Por  Ricardo Setti
Os trabalhos da comissão de juristas encarregadas pelo Senado de elaborar uma nova Lei de Execução Penal - a atual, espécie de Mãe de Todas as Impunidades, concede um inconcebível elenco de bondades mesmo para os bandidos mais cruéis e sanguinários condenados à prisão - permitiram que se trouxesse à luz dados espantosos e assustadores sobre a realidade do combate ao crime no país.
Por exemplo: já no ato de instalação da comissão, no mês passado, o Senado divulgou que há meio milhão de detentos no Brasil! - mas há outro meio milhão de mandados judiciais de prisão que não são cumpridos.
Qual sistema prisional do mundo aguenta uma situação dessas, se a Lei de Execução Penal não criar penas alternativas para os crimes menos graves, os crimes que não incluam sangue ou violência contra pessoas?
Outro exemplo - esse do fracasso absoluto daquele que seria o propósito das penas privativas de liberdade, a "ressocialização" dos presos, sua "recuperação". (Parece piada, dado o estado horrendo da maioria das penitenciárias do país, que, além das péssimas condições carcerárias e sanitárias, não dispõem de espaço para os detentos trabalhar, praticar esportes ou estudar.) Vejam bem: de cada 10 condenados que vão para a cadeia, nada menos do que 7 voltam por terem cometido novos crimes.
Querem sinal maior, mais eloquente do fracasso geral do sistema?
O pior de tudo é que esse sistema podre, falido e que se tornou na prática uma fábrica de novos criminosos, além de permitir o crescimento, em seu interior, de organizações criminosas cada vez mais ameaçadoras, é MUITO CARO: segundo os dados levantados pelo Senado, o Brasil gasta hoje 40 mil reais por ano com cada presidiário - 40 mil reais para que os presidiários levem vida de cachorro -, o que é TRÊS VEZES MAIS DO QUE INVESTE POR ESTUDANTE DE NÍVEL SUPERIOR.
Haja paciência para aguentar os males do Brasil.

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