De Alex Ferraz, na coluna "Em Tempo", na "Tribuna da Bahia", edição desta sexta-feira, 19:
Leio com espanto que o deputado federal Emiliano José (PT) vem defendendo a criação de uma nova lei de imprensa, para substituir aquela criada pela ditadura militar em 1967 e extinta pelo STF no dia 30 de abril último, devidamente lançada ao lixo das maldições inventadas pelos militares no poder.
Argumenta Emiliano que quer uma lei de imprensa “que garanta a liberdade de expressão”, mas que também “garanta o máximo de responsabilidade no uso dessa liberdade.” Meu espanto: o deputado é jornalista, foi inclusive repórter meu quando eu, assaz precocemente (ainda por volta dos 20 anos de idade), chefiei a reportagem desta Tribuna, e sabia bem todos os males dessa história de regular o exercício da profissão. Emiliano fazia parte da equipe de repórteres da Tribuna e era de esquerda, um ato de coragem (sei disso porque lutei contra a ditadura militar desde os 15 anos de idade). Emiliano foi, inclusive, vítima da tenebrosa tortura imposta pela ditadura. Ele viveu os momentos da imprensa acossada por uma lei que também garantia a “liberdade com responsabilidade.” Mas era tudo balela. A lei, na verdade, servia para amordaçar a imprensa. Ora, pessoa de boa formação intelectual, Emiliano José deveria saber que a liberdade de imprensa não pode conviver com qualquer tipo de limitação, muito menos a de leis elaboradas por políticos, com o objetivo de evitar “excessos”, porém “excessos” sob o ponto de vista do poder! A imprensa não precisa de uma lei específica. A responsabilidade sobre o que é publicado cabe a cada jornalista, ao seu editor, ao chefe da Redação, ao dono do jornal. Nenhum desses personagens é louco de atirar no lixo sua reputação, seu negócio, até, inventando notícias para prejudicar A ou B. Então, caro Emiliano, o conceito de “liberdade com responsabilidade” é um discurso claramente autoritário, mais do que isso, uma falácia. Quem estabelecerá o conceito de responsabilidade para o exercício da liberdade? Os senhores, no Congresso. Seria risível, não fosse trágico.
2 comentários:
Dimas, agora que as "notícias" da CPI da Petrobrás deverão bombar na mídia,tão logo ela seja instalada, além das cretinices de seus aliados como os Sarneys, elezinho tá é preocupado com o telhado de vidro dessa gente. Quer é calar a boca de voces jornalistas e que o povo fique sem notícias verdadeiras, afinal 2010 é ano de eleição.Mariana
podes crer...
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