Por
Augusto Nunes
O animador de auditórios amestrados vai despejando frases sem pé
nem cabeça enquanto zanza atrás da mesa no palco. Estaciona perto da nuca de
Dilma Rousseff, põe a mão esquerda no ombro da afilhada e empunha com a direita
o microfone . Então, mirando a cabeça da candidata, Lula rosna o que é
simultaneamente uma palavra de ordem e uma ameaça.
"Eles não sabem que nós seremos
capazes de fazê, democraticamente, pra fazê com que você seja nossa presidenta
por mais quatro anos neste país", diz o mestre a seus discípulos. "Democraticamente", como ensina o Glossário da Novilíngua Lulopetista, quer
dizer "sem camburão e sem jornalista por perto". Se a polícia cumprisse o seu
dever e a Justiça valesse para todos, o que fizeram de lá para cá o chefe
supremo e seus devotos bastaria para que bancada da seita no presídio da Papuda
se tornasse amplamente majoritária.
As anotações nos prontuários
companheiros referentes aos últimos dois meses confirmam que, para o bando
disfarçado de partido, só é proibido perder a eleição. O resto pode. A turma
acredita que pode, por exemplo, estuprar a CPI da Petrobras, violar a internet
para difamar jornalistas independentes, forçar também o TCU a inocentar
culpados ou chantagear bancos que alertam os clientes para os fracassos da
política econômica sem rumo nem juízo. Fora o resto.
Em nações civilizadas, pecados
bem mais leves dão cadeia. No Brasil, os fora da lei fantasiados de pais da
pátria seguem em liberdade, prontos para atravessar pelo menos mais dois meses
fazendo coisas de que até Deus duvida.
Fonte: "Direto
ao Ponto"
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