Por Reinaldo Azevedo
Escrevi há pouco um post sobre a crise na candidatura de Marina
Silva em que me refiro à tendência de amplos setores da imprensa de pôr a
torcida à frente dos fatos; o desejo acima das evidências. Por isso mesmo,
esses, de quem falo, deveriam se envergonhar diante da confissão que fez Saleh
al-Arouri, um dos porta-vozes do Hamas, em Istambul, na Turquia. Ele estava lá,
pasmem!, para participar de um evento promovido pela União Internacional de
Acadêmicos Islâmicos. Que coisa!
Numa gravação que veio a público, liberada pelos organizadores do
evento, afirmou sobre o sequestro e morte de três adolescentes judeus: "Houve
muita especulação sobre essa operação, alguns disseram que era uma conspiração.
A vontade popular foi exercida em toda a nossa terra ocupada e culminou na
operação heróica das Brigadas Al-Qassam, ao aprisionar os três colonos em
Hebron".
Aprisionar apenas? Os meninos foram sequestrados, baleados e
tiveram os corpos queimados. Embora tudo apontasse escandalosamente para uma
ação do Hamas, a imprensa ocidental, com raras exceções, insistia em fechar os
olhos para o fato, ocupada que estava em condenar Israel. Como não lembrar
aqui, neste ponto, o comportamento politicamente delinquente do Itamaraty?
Que se note: o Hamas praticou esses sequestros poucos dias depois
de celebrar um entendimento com o Fatah, de Mahmoud Abbas, que comanda a
Autoridade Nacional Palestina. É verdade: colonos judeus, em represália,
sequestraram e mataram um adolescente árabe. Estão presos. Entenderam a
diferença? É espantoso que um sujeito participe de uma conferência num país
quase democrático, como a Turquia, confesse uma ação terrorista e saia de lá
ileso.
Negociação com o Hamas, como pedem muitos? Qual? Sobre quais
bases? Israel, com alguma frequência, negocia, sim, mas até a página 15: faz um
enorme esforço para libertar cidadãos às vezes sequestrados pelo terror. Pode
trocar um único soldado por centenas de terroristas presos, mas, depois, vai ao
encalço dos facínoras.
E foi o que fez de novo. A aviação israelense matou, num
bombardeio aéreo no sul de Gaza, os líderes terroristas Muhamad Abu Shamala,
Raed al-Attar e Mohamad Barhum. Outras cinco pessoas morreram. Foi uma operação
organizada pelo Shin Bet, o serviço secreto israelense.
Vamos ver: as forças de segurança de Israel sabiam que os três
estavam lá, naquele edifício, tramando novas ações terroristas contra o país.
Alguém tem alguma ideia melhor sobre o que deveria ser feito com eles? Fatos,
fatos, fatos. Vamos aos fatos. O Hamas prometeu vingar a morte dos terroristas.
Já sabemos como. A propósito: se Israel os tivesse poupado, o grupo agiria de
outro modo?
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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